sexta-feira, agosto 12, 2011

Baixar a TSU agora? Não, não e não!!! Alguém explica ao Governo que tem que fazer as contas e conhecer a realidade do País antes de fazer um disparate colossal?



Equacionar baixar a Taxa Social Única (TSU) não é política, não é economia, não é nada a não ser parvoíce, parvoíce pura e simples. A ver se a gente se entende: baixar agora a taxa social única é um erro e, ainda por cima, um erro estúpido, um erro que não aproveita a ninguém.

aqui o escrevi e volto ao assunto porque isto de estarmos a ser governados por pessoas que ou não conhecem o mundo real em que vivem ou que não sabem fazer contas, assusta qualquer um.
A medida destina-se, supostamente, a tornar as empresas mais competitivas para que se consiga exportar mais ou para que se substituam importações por produções nacionais. Falamos, pois, de 'empresas de produtos' e não empresas de serviços.

Ora, nas empresas produtoras, em média, os custos de mão-e-obra são cerca de 15% do total de custos. Para facilitar as contas, vou fazer por cima, vou supor que são 20%. Ou seja, para 15% os cálculos que vou fazer a seguir seriam mais baixos ainda, ridiculamente baixos.
Reduzir a TSU em cerca de 3.5 pontos percentuais - como se ouve agora falar - teria um impacto de 0.7% nos custos gerais da empresa. Ou seja, menos que 1%, ou seja, nada. Volto a dizer o que já aqui disse há meses: nenhuma empresa perde negócios por 0,7%.

Para que houvesse uma redução no intervalo em que se ganham ou perdem negócios teríamos que baixar a TSU não de 3.5 pontos percentuais mas de uns 10, no mínimo – o que acabaria com as pensões de reforma em três tempos.


Assim, reduzindo menos do que esse valor suicidário, o resultado prático em termos de competitividade é nulo. Em contrapartida é um rombo no já tão frágil equilíbrio do sistema de pensões.
Dizer que se colmata com o aumento do IVA intermédio é falacioso e, pior: é o segundo tiro no pé. Aumentar o IVA no turismo e em bens em que facilmente se foge ao fisco (restauração, por exemplo) é andar a brincar.

Ou seja, numa altura em que a tendência demográfica só por si coloca em perigo o modelo que vigora actualmente (há cada vez menos gente a descontar para um ‘bolo’ que é para distribuir para um número cada vez maior de pessoas, pessoas essas que vivem de reformas muito mais tempo do que viviam antes), é perigoso inventar medidas que são um verdadeiro rombo. É uma irresponsabilidade,  é pôr em risco grave a sustentabilidade do sistema de pensões.


Por isso, alô, alô Nuno Crato: você que é matemático ao menos faça estas contas muito simples aí aos seus colegas e veja se os consegue impedir de fazerem um disparate irreparável. É que dar um tiro em cada pé, nesta matéria, é equivalente a dar um tiro na cabeça.

As empresas produtores portuguesas (poucas, muito poucas - indústria em Portugal é coisa quase inexistente) para se tornarem competitivas têm que passar a ser melhor geridas a todos os níveis. Têm que saber comprar bem (porque o peso das matérias primas, esse sim, tem grande expressão e aí qualquer ganho tem importância), têm que saber produzir bem, ter processos eficientes, têm que saber tirar partido dos recursos internos em vez de desbaratar dinheiro em contratação de serviços externos. É aí que as empresas têm que saber ir buscar a competitividade - e não rapar uns míseros zero vírgula qualquer coisa por cento que não acrescentam nada na competitividade mas são uma perigosa subtração nos descontos que garantem a sustentabilidade do nosso regime social.



A chatice, meus amigos, a grande chatice é que para isso é preciso gestores de qualidade e aí é que a porca torce o rabo.

Em 2010, 70% dos empregadores em Portugal tinham, no máximo, o 9º ano de escolaridade!

(Nota: Os empregadores, em geral, têm menos habilitações que os empregados. Em 2010, 60% dos empregados tinham no máximo o 9º ano de escolaridade - dados Pordata)




Já agora, continuo com mais dados demográficos extraídos da PORDATA:

. Em 1971 havia cerca de 12% de jovens (com menos de 15 anos) e cerca de 30% de idosos (com 65 ou mais anos).

. Em 2009, já são mais os idosos que os jovens, 18% versus 15%


. O índice e envelhecimento (idosos/jovens)*100:

Em 1960 era de cerca de 30%; em 2009 já é de 116,5%


 
. O índice de longevidade (pessoas com 75 anos ou mais/idosos)*100:

Em 1971 era cerca de 37,5% e em 2009 já é 46,6%


. O índice sintético de fecundidade (nº médio de filhos por mulher)
Em 1960 andaria pelos 3, em 2009 já é de apenas 1,32.



Alguém, por favor, medite nestes números em vez de andar a brincar aos pontinhos de redução da TSU!

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