sábado, junho 11, 2011

Pedro Mexia e Pierre Bonnard, finalmente a felicidade

Gostei de ler a última crónica de Pedro Mexia no suplemento Actual do Expresso.

Finalmente um texto feliz, sobre um tema feliz, em que ele reconhece, ao ver a pintura de Pierre Bonnard, que a felicidade (ainda que "uma visão inquieta da felicidade") está nas coisas simples. Diz Pedro Mexia que Bonnard "acredita mais na paixão do visível do que no cepticismo intelectual".


Na intensidade do laranja e do violeta (conjugação cromática que, pessoalmente muito aprecio, como é bom de ver), na profusão de flores, de frutos, Pedro Mexia reconhece na obra de Bonnard que o que importa não é apenas o momento, é também a recordação do momento, a recriação emotiva do momento. E fala das mulheres de Bonnard sem lhes descobrir fatalidades, frustrações: não, fala-nos de mulheres sensuais, íntimas, recatadas, vibrantes, felizes. 


Pedro Mexia, o penitente pessimista, reconhece nesta sua bela crónica que a "felicidade não é apenas euforia", "a felicidade contenta-se com pouco porque esse pouco é muito", "Que acredita naquilo que vê porque vê aquilo em que acredita". Os pequenos ingredientes de que se faz a felicidade.

E, ao ler um texto assim, tão bem escrito como lhe é apanágio, mas em que o tema não é a desilusão, o desencanto, a tristeza plena de melancolia, olho para a sua fotografia e até o sorriso me parece quase feliz.


Acabei de ler essa crónica a sorrir: sabe bem ler textos felizes, sabe bem ler sobre explosões cromáticas, sobre composições perfeitas, sobre harmonia de enquadramentos, sobre a natureza, sobre flores, sobre frutos, sobre mulheres junto a banheiras, sobre homens que olham essas mulheres.

Salvé Pedro Mexia!

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