segunda-feira, maio 16, 2011

Dominique Strauss-Kahn, sexo no quarto 2806 do hotel Sofitel - e uma história real de sexo no escritório

Sem saber o que, de facto, aconteceu entre Dominique Strauss-Kahn e a empregada de quarto, não consigo entusiasmar-me, nem a favor, nem contra. Pode ter sido uma 'armação' dela, pode ter sido uma 'euforia' desmiolada dele. Não faço ideia pelo que não consigo emitir juízos de valor.

Leio alguns apontamentos sobre a vida de DSK e vejo que é casado em terceiras núpcias com a bela e engagée Anne Sinclair, que já houve histórias anteriores sobre affaires com colaboradoras e uma alegada tentativa de violação a uma jornalista e escritora. Aparentemente são-lhe conhecidos incidentes libidinosos e não será a primeira vez que a diplomacia francesa tem que se ocupar de episódios inconvenientes envolvendo o poderoso DSK.

Dominique e Anne, um casal influente

A mistura de poder e adrenalina traduz-se, por vezes, num cocktail difícil de controlar, especialmente se à mistura se juntar um outro ingrediente: a libido. Lembremos o caso de Bill Clinton (ou JFK e tantos outros).

Mas, se não consigo, apesar de alegados antecedentes, partir para juízos de valor, não consigo deixar de me lembrar de um caso que se passou no meu local de trabalho há algum tempo atrás. Não que haja quaisquer semelhanças entre o acontecido mas, mesmo assim, veio-me à memória.

O meu colega mais brilhante, um profissional de elevado desempenho, que se superava permanentemente, lutador, criativo, motivador, cativante, vivia num permanente pico de adrenalina, alegre, exuberante de ideias. Claro que muitas mulheres caíam de amores por ele e ele divertido, engraçado, charmoso, distribuía amor por todas. Derretiam-se por ele e ele correspondia. Ele, que vivia entre reuniões, stresses, o telefone sempre a tocar, arranjava tempo para o namoro no escritório. Viamo-los a sairem juntos, iam almoçar, dava-lhes boleia, e eram telefonemas, sorrisos, brincadeirinhas. (E não era preciso ser sexta-feira)


Escusado será dizer que era casado, com filhos, bom marido, bom pai.

Não tenho ideia de alguém levar a mal, nem às 'namoradas' que ele ia arregimentando, nem a ele, sedutor, namoradeiro. E apesar de estas coisas por vezes irem parar aos ouvidos das mulheres (ou maridos), no caso dele, que eu saiba, nunca ninguém o denunciou e ainda bem porque ele gostava mesmo da mulher e a mulher era apaixonada por ele.

Na empresa toda a gente ia sabendo dos vários namoros dele mas, de certa forma, aceitava-se. Ele transbordava de energia. Compreendia-se.

Mas um dia foi mais longe (ou, pelo menos, foi apanhado). Nesse dia precisava para uma reunião fora da empresa, no dia seguinte, de um 'apanhado' sobre qualquer assunto e pediu a um funcionário da área administrativa que lhe arranjasse essa informação para esse mesmo dia, fosse às horas que fosse.

E foi para o gabinete fazer telefonemas, tratar de uns assuntos, esperar pela informação.

Não me lembro dos detalhes mas ou ele telefonou a uma administrativa de outro serviço ou ela a ele ou qualquer outra coisa - provavelmente fartou-se de estar a fazer tempo e resolveu passá-lo de melhor forma. Eu, quando soube, só fiquei surpreendida por não saber que ele tinha um caso também com essa colaboradora, por sinal uma mulher (casada) muito bonita, muito sexy  - se é que tinha um caso.

O que sei é que, fora de horas, com pouca gente já no escritório, a coisa aconteceu mesmo ali, na mesa de reuniões do próprio gabinete dele.

Eis senão quando o dito funcionário, de quem ele, pelos vistos, entretanto se tinha esquecido, bateu ao de leve e, não obtendo resposta, abriu a porta e deu com os dois em pleno acto na mesa de reuniões.

Ficou de boca aberta mas, logo a seguir, fechou a porta e foi-se embora.

O meu colega, aflito, foi atrás dele (provavelmente ainda de calças nas mãos) e pediu-lhe que não divulgasse. 'Esteja descansado', assegurou-lhe o senhor. Mas, no dia seguinte, logo de manhãzinha, receoso das consequências, o meu colega apresentou-se, ele próprio, ao administrador e contou o sucedido.

Passado um bocado, recebo um telefonema desse administrador, D., para ir lá ao gabinete. Mal entrei, disparou: "Então já soube da imprudência do A.? Ainda não? Ah, ainda bem, é sinal que a coisa não se vai espalhar".

Não, não eu sabia de nada. 'O que foi?'. Então ele, pedindo-me sigilo absoluto, contou-me, entre o preocupado e o divertido, o que se tinha passado, acrescentando, "Claro que já chamei o coxo, já o instruí para não dar com a língua nos dentes, imagine se isto se sabe".

O dito funcionário, de raça negra, era coxo.

Pouco tempo depois de ter regressado ao meu gabinete, entra um outro colega, rindo a bom rir: "Então já soube da barraca? Então o preto apanhou o A. com a F. em cima da mesa?".

E eu muito admirada: 'Mas como é que soube?'. 'O D. chamou-me ao gabinete, pediu-me muito segredo e contou-me'.

E todo o santo dia, entre colegas, foi uma risota. Todos sabíamos mas, que se soubesse, o dito funcionário nunca deu com a língua nos dentes...

E, de cada vez que tínhamos reuniões no gabinete do meu colega, alguém acabava sempre por dizer: "Ah se esta mesa falasse..." e ele, malandreco, piscava o olho, ria-se e não dizia nada ou então acrescentava  'Esta não fala, esta é surda-muda.'

...

Mas imaginemos agora que as coisas tinham tido outro desfecho. Imaginemos que a senhora, ou para tirar alguma vantagem ou para se desculpabilizar, dizia que tinha sido assediada? Ou forçada? Ou imaginemos que alguém estava danadinho para ficar com o lugar dele... Que bela arma de arremesso teria agora contra ele...

Ou seja, para quem está de fora - e, nesta história de DSK, nós estamos de fora - difícil é ajuizar, difícil julgar.

Deixemos pois que a justiça deslinde a história.


PS: Volto a este post hoje, dia 17, para vos convidar a ler o que escrevi ontem à noite pois, as notícias mais recentes acentuam as suspeitas de que DSK pode mesmo ter sido vítima de uma 'armação' para o afastar ou do FMI ou da presidência francesa. De qualquer forma, seja como for, não façamos juízos precipitados. Na alta política, tal como na alta finança, nem sempre os inocentes são tão inocentes quanto aparentam, nem os culpados são tão culpados como nos são apresentados.

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