domingo, abril 10, 2011

António Guerreiro desfere violento ataque a Eduardo Pitta no Expresso (a propósito dos actuais festivais de literatura dedicados aos 'saltibancos' da escrita)

Li en passant as descrições do Festival Literário da Madeira. Ao ler sobre gossips & drinks, cocktails, piadas, debates, ao ver que, a seguir, iam para o computador descrever o que se tinha passado nos blogues, provavelmente no twitter, talvez nos facebooks, pensei que era um bocado aquelas reportagens feitas sobre a viagem dos 'famosos' à eurodisney ou a estâncias de neve ou a praias no nordeste brasileiro: alguém paga a viagem, os agraciados famositos riem-se para a reportagem, sai na revista, todos contentes, ganham uns, ganham outros. Aqui não são os artistecos das novelas: são os escritores e, portanto, a matéria tem outra elevação.

Eduardo Pitta
O Eduardo Pitta descreveu pormenorizadamente o FLM e o José Mário Silva não apenas descreveu, ele-mesmo, como agraciou o amigo Pitta pelas suas descrições e, mais que certo, todos se agraciaram uns aos outros (um círculo fechadote....) e, do que me é dado perceber, há um pequeno círculo que se encontra regularmente nos encontros literários, feiras e outras ocasiões e já sabem que a Inês Pedrosa chega sempre atrasada, que outros são engraçados, outros bons contadores de histórias, e todos se veneram (e talvez de desprezem) e todos se treslêem. Nada de especial.

No entanto, pergunto-me - na minha ignorância - como encontram recolhimento para se dedicarem a tempo inteiro à actividade da escrita. Imagino sempre que, para escrever, será necessário tempo, disponibilidade mental e emocional, tempo de setup, palavras escritas e palavras apagadas, ambiente propício, luz adequada, uma boa mesa, uma cadeira confortável - nada que seja compaginável com gossips, conversetas fáceis e avulsas, átrios de hotel, jantares e bailaricos até às tantas.

Um belo pé de dança, ao que parece

Mas o que ainda mais espantada me deixou foi o violento ataque desferido este sábado, no Expresso, pelo António Guerreiro, no Ao pé da letra,  ao Eduardo Pitta. Desde rei da irrisão involuntária, clown, bouffon, a misto de Pierrot e Arlequim, de tudo António Guerreiro o designa (e só não uso o verbo insultar porque António Guerreiro, que domina com inteligência o mister da palavra, consegue empregar apenas expressões usadas por Eduardo Pitta nas suas descrições).

Porquê?

O que leva um colega de profissão a, publicamente, desferir tão cruel ataque? São isto as tricas, invejinhas e ciúmes entre jornalistas e críticos literários de que se ouve falar?

Não gostei de ler. Acho que o decoro aconselha a que, havendo ajustes de contas a fazer, se escolha o recato, entre paredes, não assim, em público.

António Guerreiro
A vida é curta demais para ser desperdiçada com arruaças que apenas servem para magoar os outros.

Didn't like, Mr. Guerreiro, I didn't like it at all

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