quinta-feira, março 03, 2011

A beleza da desobediência


A copa do meu pinheiro ao cair da noite
Regresso quando tudo é mais exacto.
O recorte da serra, o tijolo do muro,
a sombra do teu corpo.

A noite um puro arbítrio.


A amendoeira começa a florir

Queria que ficasses
naquele olhar
a caminho da curva
do meu ombro


A vinha virgem agarra-se à parede, aparentemente trémula mas, de facto, bem forte

As pedras perseguem-nos
e, com elas, melancolias e mitos.

Vestígios de um tempo inscrito
nas vozes solitárias.



Instante muito breve
entre o espelho
e o azulejo.

O tempo branco
de fugires da tela.


[Poemas do recente livro Desobediência - Poemas Escolhidos de Eduardo Pitta]

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