quarta-feira, fevereiro 16, 2011

'Um homem e uma mulher caminham' e eu 'penso na eternidade e no tempo'


'E aqueles dois seres, além, reapareceram: eles vão, simplesmente'
'Como é difícil falarmos com alguém! O silêncio? Não é mais que água, uma superfície onde mergulhar o braço até ao que lá brilha no fundo, sobre a areia clara onde passam sombras; e será que alguma vez chegaremos ao que pretendíamos agarrar, acho que não, uma difracção misteriosa zomba de nós, a nossa mão irresistivelmente afastada do objecto do nosso desejo. - Lá vão eles, um junto ao outro, a tarde torna-se também aquele brilho e aquelas sombras, vejo-os por momentos encostados a uma rocha, falam um com o outro. Estarão sós? Há movimento naquela imobilidade, o tecido claro do céu do entardecer estremece no vento que se levanta.'

[excerto de 'Uma variante da saída do jardim' de Yves bonnefoy, tradução de Pedro Tamen in Colóquio Letras, nº 176]

'Este homem e esta mulher que assim passam diante de nós, nesta terra sem eles deserta'
(PS: Tempus fugit)

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