sexta-feira, fevereiro 04, 2011

John Malkovich, Cauã Reymond, Kristin Scott-Thomas e Clive Owen em Looking for a Dream um filme de ambição, ingenuidade, sedução, sexo, ciúme, morte e amor (e sangue e lágrimas e risos)

Que ninguém me interprete mal, que ninguém pense que sinto menos respeito pelo drama das familias de Carlos Castro e Renato Seabra.

Mas não sou dada a tristezas, a pensamentos mórbidos. Tristezas não pagam dívidas e para a frente é que é caminho.

Por isso vou aqui falar de uma ideia que me ocorreu. Ontem escrevi que a tragédia pessoal de Renato Seabra e de Carlos Castro tem todos os ingredientes para ser um êxito de bilheteira no cinema. Fossem outras todas as circunstâncias, já estaria eu a escrever uma história ficcionando os meses que decorreram entre a candidatura ao concurso À Procura do Sonho até ao julgamento em Manhattan.

Penso nos protagonistas que eu escolheria e, claro, se é para imaginar, imagino em grande.

Para o papel de Carlos Castro escolheria um actor fabuloso, excessivo, doido, insinuante, sibilino, sensual até à perversão. Nada a ver com o Carlos Castro mas a ficção permite melhorar a realidade. John Malkovitch, claro. Além disso, a sua recente incursão no mundo da moda como estilista seria um valioso inside know-how - ele faria certamente uma super convincente bichona dengosa a circular pelos meandros da fashion, da beautiful people.

John Malkovich como Carlos Castro

Para fazer de Renato escolheria Cauã Reymond, que teria que interpretar um personagem mais jovem do que é na realidade mas que me parece ter tudo para um papelão. Olha-se para ele e facilmente vemos um rapaz com um físico fantástico, mentalidade de estudante simplório, directamente do meio paroquial em que tudo se sabe, tudo se comenta, tudo se condena, para o mundo artificial das luzes, da alegria fácil, do ‘fantástico!’, em que vale tudo; saltando de uma vida remediada para uma vida de luxo; transitando dos braços das namoradinhas para o assédio de um obsessivo e possessivo gay – e no final a percepção fria do que estava a acontecer, a vergonha, o medo de que soubesse, os receios, as dúvidas, a vontade de apagar tudo, a insónia, a pressão, a impaciência, o asco, a raiva, a passagem para o lado de lá. Cauã seria um convincente Renato, sem dúvida.

Cauã Reymond como Renato Seabra

Para o papel de mãe, personagem de enorme relevância no meu guião (e na vida real, estou certa) escolheria uma actriz de quem muito gosto. Uma mulher aparentemente frágil, mas cuja inteligência a converte numa interveniente dominante, uma mulher elegante e envolta numa aura de discreto charme. Uma mulher com um olhar compreensivo, com uma enorme capacdade de se emocionar e de nos contagiar na emoção. Contudo, uma mulher que parece estar permanentemente à beira de derrapar para o lado proibido da vida. Kristin Scott-Thomas.

Kristin Scott-Thomas como Odília Pereirinha

Claro que como não aprecio a melancolia nem gosto de me mover in the dark side of life, a história teria a sua componente de sedução, atracção, amor bom, correspondido. Aí entraria o advogado, decidido, inteligente, arguto, manipulador, bon vivant que usaria os seus dotes de perfeito galanteador também com a mãe do rapaz, acabando afinal fatalmente perdido de amores por ela. O facto dela ser estrangeira, de ter como objectivo levar o filho de volta para o país natal, introduzindo aqui o aspecto da urgência face à separação eminente, daria o suspense necessário. Não podia ser outro que não Clive Owen.

Clive Owen como David Touger
Que tal? O que acham?

3 comentários:

  1. Mas que imaginação, sim senhora
    Se bem me lembro, há uns tempos atrás tinha dito que nunca mais falaria no assunto, afinal o seu não é um sim

    ResponderEliminar
  2. Pois foi, tem razão - mas com uma ligeira correcção: que me lembre (e não me apetece ir verificar) tinha dito que não tencionava ou seja, não tinha intenção. Ou seja, que me lembre, tentativamente 'não' e essa tentativa não resultou...

    A verdade é que, apesar de não o planear fazer, o assunto é tão perturbante que é difícil desligar um botão e dizer 'agora já não me interesso'. E, se me interesso, o que me impede de o referir?

    Além disso, não sou fundamentalista, não senhor(a), muito menos tenho qualquer veleidade de me apresentar como uma criatura perfeita. Portanto, não fique chocado(a) e vou já avisando que pode, muito bem, voltar a acontecer - ou seja, posso mudar de ideias, ser contraditória, dizer coisas inconvenientes, etc.

    É assim...

    ResponderEliminar