sexta-feira, janeiro 28, 2011

Um filme revelador de Iris Berardi, a mais recente namoradinha de Silvio Berlusconi

Não me interpretem mal. Acho que Silvio Berlusconi ser primeiro ministro de um país como Itália é de opereta, tal como aconteceu, por exemplo, com Ronald Reagan ao ter sido presidente dos EUA. Inimaginável e ilustrativo do estado de degenaração a que a democracia pode chegar.


Silvio é prepotente e usa os meios de comunicação social que controla para manipular a opinião pública e é demagogo e é pouco polido e talvez mais mil razões para não se perceber como chegou ao lugar e, sobretudo, como lá consegue manter-se (e já nem falo das acusações de corrupção ou da incompetência).

Mas tem carisma, sentido de humor, tem reacções que o tornam próximo do italiano classe baixa e o facto é que a maioria dos votantes o voltariam a escolher, se fosse a votos. Acho-o um personagem óptimo para uma british com.

Dito isto, gostaria de ser sincera mesmo que política e socialmente incorrecta. Eu percebo que a ex-mulher de Berlusconi tivesse que dizer basta pois as aventuras do marido eram já demais e, sobretudo, demasiado públicas. Não apenas nomeia para cargos públicos mulheres que seduziu ou gostaria de seduzir como começaram a ser divulgadas as festas de sexo e álcool, de desbunda e excesso, que envolvem prostitutas e, pior que isso, menores.

E oferece colares, apartamentos e outros presentes a meninas e faz de tudo o que é suposto não fazer. E, ainda por cima, aparece, cheio de base, maquilhado, e a rir, gozão.

Claro que não vou dizer que acho extraordinário que o sexo seja comprado, que acho inofensivo que homens ditos poderosos levem jovens para festas em que o álcool, a droga e o sexo são entretenimentos banalizados, claro que não. Ao saber o que se passa naquelas fantásticas e luxuosas villas, parece que voltamos aos tempos da Roma decadente em que a luxúria escorria livremente apadrinhada por Baco.

Tudo o que é mocinha chegada do Brasil, de Marrocos e de outros países que exportam carne fresca, se for bonitinha e extrovertida, ambiciosa e aspirante a modelo ou a actriz, deve fazer de tudo para se aproximar de alguém que conheça o Condottiero, o Senhor que abre todas as portas – sejam elas as portas de agências de moda, de estúdios de gravação, do parlamento.

(A outro nível e com outro tipo de protagonistas, estamos perante uma outra versão da história Renato Seabra e Carlos Castro. Mas sem a carga de culpabilização e de conflitos interiores de Renato e sem a carga de paixão obsessiva e possessiva de Carlos Castro).

As meninas podem ter 17 anos mas, em termos de ser crime um adulto ter sexo com alguém de 17 anos (rapaz ou rapariga) isso já me parece, hoje, uma coisa do passado. Hoje já não há virgens aos 17 anos. Para quem não lide de perto com jovens, basta ver as reportagens de televisão. Claro que se pode dizer que, dada a diferença de idades, o adulto pode estar a coagir psicologicamente o jovem. Mas também pode não estar. Podem apenas estar ambos a aproveitar o que o outro quer dar. Olhemos as meninas de quem se fala, no que ao Berlusconi se refere: têm corpo de mulheres e têm com certeza mais experiência sexual que muitas mulheres de 50, não são meninas saídas de colégio de freiras ou do coro da igreja.

Claro, "mas têm 17 anos! E aos 17 anos ainda não há maturidade". Claro. E é essa imaturidade, associada ao deslumbramento dos meios onde dinheiro e sexo andam a par, é essa ilusão que toma conta da vida que, por vezes, conduz a situações de fractura psicológica. Mas isso deve ser visto numa perspectiva mais global, numa vertente mais sociológica e menos moralista.

Por exemplo, quando se ouve censurar o Berlusconi por ter sexo com raparigas que nem adultas são - e, agora, falando da realidade portuguesa - interrogo-me: e as meninas de 12, 13 e 14 que, com o consentimento dos pais!, andam alcoolizadas no Bairro Alto à noite? Que falam com naturalidade das pastilhas, dos shots e da confiança que os pais têm nelas? Que descrevem como os pais e as mães confiam e as deixam chegar a casa às 6 da manhã? Que andam com dinheiro no bolso que chega para começarem à tarde com cerveja no Campo Pequeno e continuarem, noite fora, com vodka e shots no Bairro Alto? Que praticam sexo sem que se lembrem bem do que aconteceu na manhã seguinte?

E têm 14 anos ou menos!

Porquê, então, tanto moralismo, nestas mesmas pessoas, com as 'meninas' de 17 anos a quem Berlusconi oferece colares? Prostitutas imigrantes ou meninas cujas mães as oferecem? Teve sexo com elas? Olhem, meus caros: não fico nada chocada com isso. Vejam a menina Iris Berardi. Parece-me uma mulher feita e certamente não seria uma virgenzinha pura e inocente antes de passar pelos braços de Berlusconi. Não creio que tivesse sido coagida. Win-Win: ganha ela, ganha ele. Ele, um homem libidinoso, com poucos escrúpulos, elas, jovens cuja educação ou condição social não condena esta forma de ascensão social.

Mil coisas piores são socialmente aceites perante a passividade de todos.

Para começar: olhe-se para os nossos meninos que passam dias e noites no facebook (que, no caso dos jovens, pode traduzir-se numa aberração comportamental, numa preversão emocional), olhe-se para a iliteracia dos jovens que não leêm, que quase não sabem falar nem escrever, que bebem desalmadamente destruindo os fígados e os cérebros, que têm sexo sem saberem antes o significado do amor, que dizem 'ando' e querem dizer que andam a fazer sexo, que com a maior das naturalidades falam das curtes de uma tarde. E tudo sob a 'confiança' dos pais que compram o seu alheamento da vida dos filhos com dinheiro que chega e sobra para que estes se entretenham sem os maçarem.

Olhe-se para isso que está bem próximo de nós antes de se agitar a espada do moralismo contra esse doido excessivo que é o Berlusconi.

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