Nem parafraseando o mestre Vinicius, nem sendo exaustiva, aqui indico alguns ingredientes para uma receita de homem:
Inteligência é fundamental; obviamente o sentido de humor (que é uma decorrência da inteligência) também; o bom carácter, o bom feitio, indispensáveis. E que seja uma âncora, um suporte. E que não seja convencido, que não seja um maçador intelectual, que não seja hipocondríaco ou maníaco de qualquer espécie, que não seja permanentemente previsível. E que seja carinhoso, e bom pai e bom avô e bom genro (consoante o que se aplique). Que goste de ler e que, de vez em quando, nos surpreenda recitando de cor um poema. Que goste de música e que suporte os mesmos filmes que nós ou que, pelo menos, de vez em quando se esforce (mesmo que ache que é mais uma daquelas estuchas francesas). Que tenha bom gosto a vestir-se mas que não seja vaidoso (um homem que ligue a modas está a disputar terreno feminino e isso é imperdoável). E que, obviamente, não use pulseirinhas, anéis, aquelas coisas na gravata de que agora não me lembro o nome - e até o fio ao pescoço é altamente dispensável. E que, se usar gravata, jamais use gravatas cor-de-rosa ou amarelinho-pintainho. Que goste de passear à beira mar, no campo, na cidade e que até não se importe de, uma vez por outra, nos acompanhar nas compras. Que perceba o que dizemos e que se interesse pelos nossos assuntos. Finalmente, mas não menos importante: que tenha um bom olhar, o olhar é fundamental. E que não tentem ser perfeitos, a perfeição não apenas não existe (e só um tolo a persegue), como, se existisse, não tinha graça nenhuma.
Notas:
1. Não pretendo que a lista seja exaustiva. À medida que me vá lembrando de mais requisitos, logo acrescento. Agora já me estou a lembrar de mais: as mãos, que dizem muito sobre o seu dono.
2. Aquela de as mulheres gostarem de homens que choram é um mito urbano. Homens chorões devem ser insuportáveis. Que chorem quando o momento o justifique, está certo. Mas que sejam uns choramingas, isso nem pensar. É a mesma coisa que as mulheres, para se afirmarem, adoptarem padrões de comportamento masculinizados. Treta. Outro mito urbano. Mulher que é mulher gosta de ser mulher e não abdica da sua feminilidade para se afirmar.
3. Correcção: Este ingredientes não são bem requisitos. São mais pré-requisistos.
PS: Convido-vos a ver a adenda teórica e casos práticos aqui e o condimento que torna os homens especiais aqui. Enjoy.
3. Correcção: Este ingredientes não são bem requisitos. São mais pré-requisistos.
PS: Convido-vos a ver a adenda teórica e casos práticos aqui e o condimento que torna os homens especiais aqui. Enjoy.
Arremato a sua receita de homem! Acrescentaria, se calhar, mais um ingrediente: a capacidade de saber partilhar silêncios; sim, aqueles silêncios cheios de sons que apenas se escutam através da alma. Ah e outro, ainda: saber manter através da caminhada pela vida (se for longa, melhor!), o gosto de dar a mão.
ResponderEliminarEm posse destas duas receitas, uma coisa parece óbvia: os atributos que, no dizer de mestre Vinicius, são relevantes na mulher, vêem-se, quase todos, a olho nu. Lá poderá ser preciso retirar uma pecita de roupa ou outra, mas nada que não se resolva, cada vez com menos preconceito. Portanto, um homem observa uma mulher, aplica a receita, e ela ou é assim e está feito, ou não é e passa para outra.
Agora nós. Encontramos um homem: hhmmmm, os olhos são giros e o olhar também. Check! E todo o resto? Uff… Que grande dificuldade: é que nenhum dos outros ingredientes se vê. Alguns sentem-se, mas não tanto que a sua posterior ausência possa surpreender. Outros pressentem-se, mas a certeza só se consegue com a convivência, com a intimidade e com tempo… às vezes é preciso muito tempo. E o problema é que, com a convivência, com a intimidade e com o tempo, se criam hábitos, se criam rotinas e se ganham afeições. E surgem as fragilidades. E tolda-se a mente. E perde-se a capacidade de aplicar a sua receita. E, deste modo, as mulheres passam a viver com o que têm, já que perdem a capacidade de procurar aquilo que querem: a capacidade de perseguir o Sonho.
Magnólia, amanhã voltarei ao seu comentário mas chamo a atenção para a nota 3 que hoje acrescentei: são pré-requisitos. Depois de passarem por um primeiro crivo, passaremos então por outro crivo.
ResponderEliminarMas tem razão: dar a mão é fundamental. Ou passar o braço por cima dos ombros enquanto se passeia.
Os silêncios acompanhados por um olhar que nos invada a alma, também importantíssimos.
Até amanhã que agora vou ver se durmo um bocadinho que daqu a nada já tenho que estar outra vez a pé.