terça-feira, julho 27, 2010

Sexy Pedro Passos Coelho - os vários passos na Campanha PPC


(Fotografia in Jornal de Negócios)


Em política, quem faz o quê? Os media fazem e desfazem políticos ou limitam-se a reflectir l’air du temps?

Há uns tempos a comunicação social farejou que Sócrates e Pedro Santana Lopes tinham potencial e deu-lhes tempo de antena, tornou-os conhecidos, levou-os ao colo até às eleições ou, pelo contrário, foi o mérito deles que fez com que os radares dos media os localizasse e divulgasse?

Entrevistas aos principais órgãos de comunicação social, pequenos apontamentos nas 'Gente's, colunas de curiosidades, etc, e, aos poucos, os eleitores vão-se familiarizando com os personagens. ‘O animal feroz’ data dessa altura. Faz-se uma entrevista de página(s) inteira(s), com fotografias em grande plano, perguntas gerais com final a puxar para o intimismo e, em cadeia, os media ficam alimentados durante um enorme período como as ondas sucessivas geradas por um impacto. Uns maldizem, outros defendem, outros troçam, mas o foco das atenções permanece sobre o objecto que se está a divulgar e se houver um chavão que funcione quase como uma assinatura tanto melhor - afinal, qualquer campanha precisa de um bom slogan.

E, de quase anónimo, o ser em questão torna-se uma marca conhecida, alguém que já gerou fidelizações, alguém que se compra em detrimento de outras marcas menos conhecidas.

Claro que há o factor empatia, os eleitores não são personagens totalmente passivos nesta história. Mas é justamente por se ter considerado que fulano de tal empatiza facilmente que os media apostam em certas pessoas em detrimento de outras (os media ou quem quer que decida e/ou influencie as decisões – as opus dei, as maçonarias, enfim, os clubes mais ou menos secretos que costumam vir à baila quando se tecem estes raciocínios). Empatia, resiliência, e, em alguns casos, alguns pontos fracos que, na altura certa, poderão ser úteis – são alguns factores que são, certamente, avaliados na altura em que se dá esta pré-escolha.

Contudo, há que recuar um pouco. Quem lança candidatos a primeiro-ministro são, de facto, os media ou são, antes disso, as poderosas e bem pagas agências de comunicação?

Sei como são as campanhas destas agências e como elas são preparadas com um profissionalismo milimétrico, como se potenciam os pontos fortes e se traçam inteligentes planos para minimizar o efeito dos pontos fracos, como se lança, devagar mas em crescendo, a imagem de um produto (ou de uma pessoa): primeiro são os amuse-bouche, as pequenas aparições aqui e ali que dão direito a uma notinha ou a uma fotografia; depois é um amigo que deixa escapar uma conveniente inconfidência, depois um artiguinho com as preferências (Qual a cidade preferida? Qual o livro? Qual o objecto?); e assim vamos da entradinha até aos pratos mais substanciais, como as entrevistas de fundo, nos jornais de referência, nos canais de televisão.

Segundo se ouvia dizer, o restrito e poderoso Bilderberg Club percebeu (o Clube, entidade abstracta, ou Balsemão e outros que têm voz no Clube) na altura que Sócrates e Santana Lopes viriam a ser alguém na sociedade portuguesa e, de várias maneiras, amparou-os até que chegasse a altura de assumirem o poder.

São as entourages que se começam a forjar em torno de alguém - de que se intui que vai ser o próximo ganhador - que se unem para financiar estas campanhas que vão agir sobre os media que, por sua vez, agem sobre os eleitores?

Ou isto é uma visão muito cínica da realidade e não existe nada disto? E os media estão simplesmente a reflectir o que se está a passar (o suposto declínio de Sócrates e a suposta ascensão de Passos Coelho)?

Assistimos nesta altura à construção de um candidato vencedor, com tudo o que isso representa em termos de uma campanha profissional bem feita, quase perfeitamente orquestrada, com todos os vectores envolvidos (marketing, relações públicas, media,…)?

Ou é apenas a boa preparação e o bom aspecto do PPC que justificam o que se está a passar na nossa comunicação social?

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