segunda-feira, dezembro 15, 2025

Sylvia e Ted nas palavras de Frieda, a filha

 

Em tempos vi um filme chamado Mourir d'aimer. Na altura, pensava que não seria possível morrer de amor. E, com o meu lado racional, ainda penso que o amor será o bode expiatório, não a causa directa. Uma depressão não tratada, talvez. Ou um acidente, alguém que, num acto desesperado, quis chamar a atenção mas a quem a coisa correu mal. Acresce que, com o meu lado racional, tendo sempre a pensar que é absurdo alguém subalternizar-se a ponto de que, se a pessoa amada não retribui o seu amor, achar que não vale a pena viver.

Mas, lá está, já a minha mãe, muito dada a ser levada pelas emoções, por vezes me dizia: "Não sei, parece que és demasiado racional...". Ela tirava conclusões a partir de impressões e eu tentava colocá-la no trilho da razão.

Contudo, se há coisa que tenho vindo a aprender é que as algumas das nossas certezas se vão metamorfoseando. Por isso, não posso dizer de certeza absoluta que Sylvia Plath morreu de baixa auto-estima, ciúme exacerbado, depressão profunda ou apenas por sentir que viver sem o seu bem-amado Ted Hughes não fazia sentido. Tinha dois filhos, uma menina de 3 anos e um menino de 1, mas eles não foram suficientes para a prender à vida. Uma história tristíssima.

Tenho também a ideia de que quem vive muito próximo das palavras mais facilmente encontra narrativas em que a dor de perder um amor é de tal forma romantizada que pode justificar toda a espécie de actos extremos. A poesia gosta de mágoas, de desespero, de paixões fatais.

Mas quem sou eu, o que sei eu para opinar sobre um tema tão complexo?

A filha de Sylvia e de Ted entretanto cresceu. E é ela que aqui está, conversando sobre os seus pais, mostrando as suas cartas e objetos que em tempo foram tão íntimos. 

O Amor Extraordinário de Sylvia Plath e Ted Hughes

Neste episódio de Uma Vida Menos Ordinária, Frieda Hughes convida-nos a ir a sua casa para conversarmos sobre as cartas, o amor e o legado duradouro dos seus pais – os gigantes da literatura Sylvia Plath e Ted Hughes. Frieda oferece-nos um olhar íntimo sobre as cartas que Plath escreveu a Hughes logo após o casamento, enquanto estudava em Cambridge, bem como uma incursão no álbum de fotografias da família. Entre estes itens de grande importância histórica, vislumbramos também as alianças de casamento de Ted e Sylvia, receitas de família e o adorado baralho de tarot de Sylvia. Estes artigos e muitos outros foram oferecidos num leilão da Sotheby's de há uns anos, "A sua própria Sylvia: Cartas de Sylvia Plath para Ted Hughes e outros artigos, propriedade de Frieda Hughes"

Desejo-vos uma boa semana

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