Apeada de computador, obrigada a usar uma coisa com teclado virtual, letra após letra como uma galinha a comer grão a grão, a minha pica esvanece. Gosto de deixar os dados voarem sozinhos. A minha cabeça não alcança a velocidade dos meus dedos e essa é a única maneira que conheço para escrever. A forma como agora estou, a ter que vigiar se o dedo não fez uma secante à tecla adjacente, condiciona a minha liberdade e, logo, a minha motivação.
Por isso tenho escrito muito menos e, por isso também, tenho evitado os assuntos que puxam pela minha língua, que fazem com que eu solte os cachorros. A tropeçar nas letras deste teclado de faz de conta, toda a minha verve se sente tolhida.
Mas vou ver se, pelo menos, sintetizo umas e outras.
1. Debate Tozé Seguro e Marques Mendes. Ao fim dos 5 minutos de cada um, adormeci. Não o lamento pois tenho a certeza de que não perdi nada. E, para provar esse axioma (que, por natureza, nem carecia de demonstração), juro-vos que não me lembro de nada do que disseram enquanto estive acordada. Quanto mais não seja, não concebo um presidente da República que tenha cara de menino da lágrima ou de boneco de ventríloquo. Claro que, se acontecer o desastre de um deles ir à 2ª volta com o Ventura, terei que abdicar do meu bom gosto e contarão com o meu voto. Mas, na 1ª, nem pensar.
2. Debate Catarina Martins e Cotrim de Figueiredo. Não vi porque não estava em casa mas tenho pena, talvez tenha dito alguma graça.
3. Escutas a António Costa publicadas pela Sábado. Não li. Não vou ler. Não leio escutas sejam elas quais forem, não alimento o culto pela devassa e pelo voyeurismo mais sinistro, não me deixo tentar pelo fruto de comportamentos pidescos, não pactuo com atentados ao Estado de Direito, não legitimo nem normalizo a judicialização da política nem o torpe conluio entre o MP e a imprensa sensacionalista.
4. A mãe que raptou a filha-bebé. Em lágrimas, faço minhas as palavras da Mafalda Anjos no Instagram: "mafaldanjos Peço um bocadinho da vossa atenção. Coloquem-se no lugar de uma pobre mulher pobre. Que engravida, tem um bebé. Quando a criança nasce, a mãe não pode trazê-la para casa porque já estava sinalizada. Outro filho já lhe tinha sido retirado, não por maus-tratos ou falta de cuidados ou amor, mas por falta de condições habitacionais. Porque, cito, vivia numa “casa abarracada”. Esta mãe continua todos os dias a ir visitar o seu bebé ao hospital. Não o abandonou algures, não o largou num canto. Quatro meses de visitas diárias, com a avó. Cuida da sua menina, dá-lhe colo, muda-lhe as fraldas. Toma-lhe o peso nos braços, sente-lhe o cheiro. Certo dia, dizem-lhe que o seu bebé vai ser institucionalizado e entregue a uma família de acolhimento. Desespera. Retira-lhe a pulseira e foge com a menina. “Rapta”, dizem os noticiários. Não sabemos ao certo os contornos do que aconteceu no Hospital de Gaia. Mas tudo indica que terá sido mais ou menos isto. Conseguem imaginar-se no lugar desta mãe? A dormir na sua cama, na sua barraca, com as hormonas em ebulição, a chorar por um filho que ama e que não quer perder? Conseguem conjeturar a sua dor, para fazer algo desesperado assim? (...)"
Concordo com a Mafalda Anjos: foi avaliada a viabilidade de atribuírem uma habitação social e algum apoio a esta mãe? É que retirarem a uma mãe um filho querido parece-me um acto de uma violência extrema.
se fosse juiz, não condenava esta mãe.
ResponderEliminarSe eu fosse juíza avaliaria se qualquer outra solução (como atribuirem alojamento social a esta pobre mãe) não seria viável.
EliminarQue país?que gente esta que nos governa? Vão pagar a quem tomar conta da criança , por vezes sem amor,em vez de ajudarem com esse dinheiro a mãe a procurar condições de morada digna. Há muito que o fazem sem dó.
ResponderEliminarQuerida Pôr do Sol
EliminarEste caso tem-me angustiado tanto... Coitadinha daquela jovem que todos os dias ia ao hospital para estar coma sua bebé...
Um abraço, Sol Nascente