segunda-feira, agosto 18, 2025

Um heaven a precisar de alguma lei e ordem
(e um país a precisar de ser decentemente governado)

 

Depois de um dia belamente preenchido, quando ficámos sozinhos, à noite, ainda fomos fazer a nossa caminhada. E depois estive a tratar de uns assuntos e só agora me despachei. Como ainda por cima não posso levantar-me tarde, agora tenho que abreviar.

Caso tenham a possibilidade de me seguir também no Instagram (ao que eu cheguei... eu sempre tão contra as redes sociais...), poderão saber que tenho andado aos figos, barrigadas deles. Passo por perto de uma figueira e, mostrando que a minha vocação para o sacrifício é muito limitada, atiro-me aos figos com uma gula que não tem perdão. Vivo in heaven mas o meu heaven não é o paraíso das beatas elegantes, o meu heaven é um lugar em que se pode pecar à vontade e comer até não poder mais. 

Poderão também saber que parece que os coelhos estão de volta. Uma felicidade. 

E ainda não vos contei mas no outro dia tive uma ideia que o meu marido abraçou com todas as mãos de que dispõe: pedirmos um parecer a um paisagista. Com a queda de cedros quando foi o vendaval Martinho, consultámos uns experts que nos disseram que os cedros são frágeis perante situações adversas como as ventanias pois as suas raízes são superficiais e, ao crescerem muito em altura, ficam com uma fraca base de sustentação. Então o que fazer? Deixara que caiam? Ou agir antecipadamente? E substituir por que outras árvores? Também há o caso das laranjeiras que querem mais água do que a que lhes podemos dar. Arrancamos? Colocamos lá o quê? Suculentas gigantes? E há o mato que não sabemos se é bom e útil para manter o solo fértil e faz sentido ou se deve ser arrancado sistematicamente (rosmaninho, alecrim, sálvia, tomilho, etc) pois, ao secar, pode tornar-se perigoso. Em suma, que ordenamento do nosso pequeno território deve ser feito para que aquilo seja auto-sustentável, seja equilibrado, requeira pouca ou quase nenhuma manutenção, fique esteticamente agradável. É que, ainda por cima, tudo rebenta por todo o lado. Folhados, por exemplo, aparecem por todo o lado. Na serra da Arrábida, por exemplo, crescem espontaneamente, são verdinhos, são bonitos. Mas aquilo é serra, é suposto estar florestado 'selvaticamente'. Será que devemos deixar que também ali, no nosso terreno, a natureza se imponha?

Ou seja, acho que está na altura de obtermos aconselhamento especializado. 

Poderia agora fazer a ponte para falar da desgraça dos incêndios, da aflição das pessoas que se veem cercadas pelo fogo, impotentes, assustadas. E poderia referir que têm razão para estar assustadas (aliás, temos todos razão para termos medo: medo de precisarmos de uma ambulância e não aparecer nenhuma, medo de irmos parar às urgências e não haver médicos, medo de nos vermos rodeados por fogo e não aparecerem bombeiros -- pois nem as ministras das respectivas áreas dão uma para a caixa, só fazem porcaria, nem o primeiro-ministro tem a humildade de pedir desculpa aos portugueses que enganou ao prometer resolver tudo em meia dúzia de dias ou de meses e, agora, contatarmos que não apenas não resolveu nada como estragou ainda mais o que encontrou). Mas não vou dizer nada pois são quase três da manhã e eu já deveria estar a dormir.

5 comentários:

  1. Dos incêndios, venho eu se me permite. Se há 10, ou 20 ou 30 anos, os incendiários, tontinhos ou não, ficassem de prisão um ou mais anos, serviços no campo vigiados pela Guarda, que mensagens não haveria ali para familiares e ou vizinhos? Pelos vistos, deve ser ilegal ou contra a CRP. Prisões superlotadas? Com quartéis do exército esvaziados, sem grandes custos de uso? Mais: para ajudar ao entendimento da Exma MAI, e ao seu desastre, acabei saber do seu chefe de gabinete. Em dois meses, de um pé no BdeP, outro no MF, depois na MAI. Perfeito, na linha do incendiário Barroso ADM; o regime de epicentro na Manta Rota e Lagos de PM ao lado em Faro. LUTO.

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  2. A TRAGICOMÉDIA LUSITANA
    Não, pá. Repara. Se precisares de um médico, para ti ou para os teus, não vais escolher o grunho. Queres é quem estudou, de preferência mais e melhor do que os outros. E se precisares de um advogado, para ti ou para os teus, não queres aquele que tem um entendimento grunho do Direito e das leis, e que se comporta como um grunho no tribunal. E se precisares de um mecânico, de um electricista ou de um canalizador, vais fugir dos que tiverem fama de grunhos e vais ficar piurso com os que te tratarem à grunho. Se isto é assim, e assim é, por que raio queres ter um grunho no Parlamento a chefiar uma bancada de grunhos? Por que és cúmplice, por actos e/ou omissões, da crescente pestilência dos grunhos na democracia?

    É porque, lá está, no fundo, a verdade verdadinha é a de que também tu és um grunho, pá.

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    Respostas
    1. https://aspirinab.com/valupi/comedia-a-portuguesa-2/
      https://aspirinab.com/valupi/marcelo-ja-foi-incendiario-agora-e-bombeiro/#comment-1098524

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  3. CURIOSIDADES INCENDIÁRIAS
    O país a arder por todo o lado e de norte a sul: Arcos, Barca, Baião, Covilhã, Moimenta, Peneda-Geres, Vila Real, Penafiel, Trancoso, Tabuaço, Meda, Moura, Leiria, Penamacor...etc etc.
    Curioso é o flagelo ainda não ter chegado aos pinhais da Comporta!
    Avariaram os três Canadair que Portugal alugou para combater incêndios.
    Apesar de ser o país do mediterrâneo com mais área de floresta ardida, Portugal é também o único que não tem uma frota própria destes aviões - os três em causa são alugados.
    A Croácia tem seis, a Grécia tem 17, Itália possui 18, França tem 12, Espanha conta com 25 e Marrocos tem seis.

    PS. Não temos Canadairs mas temos dois submarinos que fazem inveja a muita gente.
    "Essa é que é essa!"

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  4. Não há palavras para descrever toda esta tragédia, que tem assolado, dias a fio, algumas das zonas mais bonitas do Norte e Centro do País.
    Muito menos é tempo de falar dos culpados - para além do vento, das altas temperaturas e dos bandidos dos incendiários - de toda este inferno, até porque muitos deles vão ser novamente candidatos autárquicos à câmaras e juntas de freguesia. E provavelmente até vão continuar a governar, mesmo que a sua grande virtude seja "apontar dedos"...

    É isso que me faz pensar, muitas vezes, que somos "um país sem conserto".

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