terça-feira, julho 16, 2024

Tornar-me jardineira e agricultora ou... nem por isso...?

 

Hoje o dia foi daqueles. Muita a coisa a tratar, muita burocracia, os serviços lentos, reduzem-se pessoas, tudo fica complicado, perdem-se horas. Cansam-me estas coisas. Almocei perto das 5 da tarde e não fiz algumas coisas que, para mim, eram prioritárias. 

E acresce que estamos na era dos caranguejos. Dantes era o meu pai que começava. Agora já sou eu, É verdade, Filo, é verdade. O tempo passa e a gente soma e segue. E, enquanto for assim, está-se bem. Venham eles que a gente cá está para os pegar de frente. 

A seguir a mim vem o meu filho e depois vem um dos meus netos. E logo de seguida chega uma avalancha de leões. 

E isto é a vertente boa, convivial e festiva. 

Mas depois, no meio de tudo, deixámos de ter jardineiro. Era uma luta que eu travava. Só faziam o que queriam e não percebiam patavina de jardinagem. A missão deles, na óptica deles, era limpar as folhas secas e aparar a relva. Ponto. Porque eu lhes pedia, podavam uma sebe de buganvílias mas faziam-na à bruta, sem pitada de competência, ou seja, de uma maneira que nunca conseguia florir. Quando lhes pedia para apararem a cameleira não faziam ideia do que era a cameleira 'É melhor a senhora vir dizer qual é para não ter como errar". Quando pedia para cortarem os rebentos ladrões de um arbusto, perguntavam: 'Ah é? Quer, é? Então, sim, a gente corta.'. Se eu não dissesse, por eles não viam o que tinham que fazer. Ramos velhos que mereciam corte, era coisa que não lhes despertava qualquer interesse. Trepadeiras a avançarem para cima do telhado, correndo o risco de levantarem as telhas era matéria transcendente que parecia não lhes despertar a mínima preocupação. Para eles, isso não estava dentro do âmbito. E, se faziam uma coisa, já não faziam outra. Depois era semanas em que iam de férias e se, na semana seguinte, o dia calhasse a um feriado e, ao todo, na prática ficassem 1 mês sem cá pôr os pés, por eles não havia problema. E a gente a pagar. E o ano passado quiseram um aumento de 20%. Protestei, a inflação não era nada disso. Este ano, vieram com aumento de 10%. Protestei outra vez. A inflação nem 5% é, como um aumento de 10%? Respondeu que não se fiava nos números da televisão, que ele é que sabia o preço das coisas e os aumentos que os 'meninos' pediam, não eram cá os da televisão, mas, se não quiséssemos, não haveria problema, ficávamos amigos. E clientes não lhe faltam. Não gostámos. Estávamos fartos e aqueles modos foram a gota de água.

Portanto, o assunto agora está connosco. Mas parece que até está melhor. Aquela sebe de buganvília está linda, toda florida, nunca a tinha visto assim. 

Mas tivemos que ir comprar um corta-relvas. E já combinei que amanhã temos que levar o escadote lá para fora pois há uma trepadeira cujas guias estão soltas em vez de seguirem por onde devem. O meu marido protesta, claro. Por vontade dele, cortava tudo a eito pois é quase como os jardineiros-estouvados que se estavam nas tintas para tudo o que é jardinagem propriamente dita. E o filodendro, gigante, está com os troncos descaídos tal o peso, temos que pôr uns paus a segurá-los. O meu marido diz que aquilo é um peso grande demais para nós dois conseguirmos fazer isso. Mas acho que temos que tentar.

Também tinha uns vasos que estavam raquíticos. Claro que regar vasos ou tratar das flores dos vasos era coisa totalmente fora do radar dos pretensos jardineiros. Podiam os vasos estar com plantas secas ou cheios de folhas velhas que eles não estavam nem aí. Comprei adubo líquido e tenho posto na água do regador e a verdade é que já começaram a espevitar.

No outro dia, quando estive a falar com a anterior proprietária da casa, constatei que ela já tinha despachado os jardineiros dela, diz que de jardineiros não tinham nada, que o marido se passou com eles, que agora é o marido que trata sozinho do jardim. Não eram os mesmos que os que vinham cá mas pela descrição pouco diferiam. 

Mas, enfim, é mais um trabalho. No outro dia, na piscina, uma colega sugeria que eu fizesse uma horta, que plantasse legumes, dizia-me ela que os tomates, as alfaces, as cenouras, etc, que consome são todos da sua horta. E já nem falo no meu filho que, volta e meia, sugere que tenhamos capoeira com galinhas. Mas nem pensar. Galinhas que têm que ser alimentadas todos os dias e que nos impediriam de sair de cá e uma horta a cuidar, regar, apanhar ervas daninhas e caracóis...? Em abstracto é lindo. Legumes e ovos e tudo biológico... Mas qualquer dia estávamos escravos de afazeres em cima de afazeres em cima de afazeres. Não... Quero sossego. Ambiciono algum descanso. Ando com vontade de escrever... mas querem acreditar que há não sei quanto tempo que não tenho tempo...?

Quando me perguntam o que é que tenho feito até fico sem saber o que dizer pois a verdade é que toda a gente pensa que os reformados são gente ociosa, sem nada que fazer, velhinhos especados em frente da televisão. Mas a verdade é que eu não paro, parece que não tenho tempo para nada. Hoje saí de casa de manhã, regressei perto das cinco, esgalgada de fome. Depois tomei banho, passeámos o cão, voltámos a sair, regressámos tarde. Ontem à noite tinha pensado que de tarde conseguiria sentar-me em frente ao computador e conseguiria escrever qualquer coisita. Sim, sim. Népias.

Que coisa mais inexplicável, não é?

E, pronto, é isto. 

3 comentários:

  1. Pôr do Soljulho 16, 2024

    Ter um jardim é ter uma grande grande família. Enchem-nos a casa de alegria sao companhia maravilhosa, mas necessitam de amor, cuidados de saúde, higiene,alimentação e alindamento. Em suma Tempo! Os reformados não conseguem por muito tempo. Sou apologista de empresas especializadas. Têm formação.

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  2. Olá querida Pôr do Sol,

    Em teoria isso é verdade. Na prática, é difícil de pôr em prática.

    Os primeiros jardineiros que aqui tivemos eram os da casa ao lado. Tinham-nos dito que não eram grande coisa mas que eram relativamente certinhos. Contratámo-los. Não eram brilhantes, diziam que vinham às 10 e apareciam às 14 ou diziam que iam fazer uma coisa e depois nunca mais se lembravam de tal. A maltosa que cá aparecia era variável pois ele, o "jardineiro", tinha vários empregados. Todos com um ar que metia medo. Uma vez estava eu a trabalhar e eles a 'jardinarem', na altura estava em teletrabalho, ouvi uma grande zaragata. Como estava a ter uma reunião não pude ir ver o que se passava. Só ao fim da tarde consegui ir lá fora. Havia sacos com folhas, tudo espalhado. Percebi que se tinham ido embora deixando o trabalho a meio e tudo desarrumado. Mas o mais grave é que eu tinha um vaso muito grande, pintado, muito bonito, com uma grande flor. Era da anterior proprietária e como era quase impossível de transportar sem dar cabo da planta ela pediu para cá o deixar, o que eu agradeci. Pois o vaso estava partido, a planta caída. Liguei ao 'jardineiro'. Assumiu que tinham partido o vaso, que ele se tinha zangado com o 'rapaz' que tinha feito aquilo e que para evitar dar-lhe um par de estalos tinham-se vindo embora. Nunca mais lá apareceram.

    Resolvemos, então, recorrer a uma empresa de jardinagem. Foi lá uma engenheira, viu, fez o orçamento, quase o dobro do que os outros levavam, mas parecia tudo muito certinho.

    Contudo, cada semana apareciam 'jardineiros' diferentes. E depois ela dizia-me que na semana seguinte iam aplicar adubo. Eu via-os andar por lá a fazer a mesma coisa de sempre e perguntava se não punham adubo. Não sabiam de nada, não tinham adubo nenhum para aplicar. Se eu ligava para ela, dizia-me que sim, que tinham posto. E isto aconteceu diversas vezes. Por fim, um dia confessou que não tinham gente suficiente, que tinham que recorrer a pessoas que se apresentavam mas que não tinham experiência nenhuma e que apareciam num dia mas faltavam no dia seguinte. Acabámos por desistir.

    Entretanto, um vizinho arranjou uns e disse que estes pareciam razoáveis. Contratámo-los e foi o que descrevi no post. Aguentámos, aguentámos. Até que nos fartámos. Um dia não vamos dar conta disto os dois sozinhos e aí teremos que nos sujeitar... Mas, para já, aqui andamos os dois nesta labuta...

    Espero que esteja tudo bem consigo e com os seus. Beijinhos Sol-Nascente!

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  3. Querida Um Jeito Manso,

    Obrigada pelos seus votos. Como diria minha avó Cá vamos como Deus é servido. Nunca percebi bem esta resposta, mas agora ocorreu-me. Mas prefiro, atendendo à idade e circunstancias, para pior antes assim.

    Lamento não poder recomendar-lhe um bom jardineiro, pois os que conheço são velhos amantes de agricultura que se entretêm em jardins na zona das Caldas da Rainha, S Martinho do Porto e Alfeizerão, onde amigos meus estão satisfeitos. E o "meu jardim", ou seja a minha varanda, virada a norte, só tem 5X1,30metros e só consigo que lá vinguem as sardinheiras e suculentas. Quando a quero florida compro envazadas que duram uma época.

    Jardinagem é uma optima terapia para animar o espirito, Oxalá o corpo aguente.

    Um beijinho e sucessos.





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