sábado, outubro 22, 2022

E sobre a Liz Truss não há nada, nada, nada?


Não. Nada. Não há nada a dizer. Nada. Nem antes, nem durante nem depois. Ela, Boris, Kwasi Kwarteng, outros que tal. Nada. Figurantes de uma tragédia que tem um nome: Brexit. E que tem um actor principal, que actuou na sombra, que criou as condições, que financiou, que engendrou, que manipulou, que mexeu os cordelinhos. E actores secundários que usaram ferramentas proibidas, que estudaram as motivações profundas, que exploraram os medos, que brincaram com a ignorância, que pagaram. 

E os britânicos votaram sem saber no que estavam a votar. Não perceberam o logro. Deixaram-se enredar na perigosa e imprevisível trama do logro.

E agora ninguém consegue gerir esse logro. O logro é ingerível. Cai um ministro, cai outro, caem às mãos cheias, e cai um primeiro-ministro, cai outro, cai outro, repescam os que caíram. Uma farsa, um absurdo, um caos.

E o rei assiste impotente porque está lá apenas para ser o public relations do reino, para ajudar a vender canecas e bandeirinhas, não para tomar decisões relevantes.

Por isso, nada a dizer da pobre coitada da Liz, nada a dizer do bacano do Boris, nada a dizer do James, nada a dizer de todos os que já se demitiram e dos que ainda se vão demitir. A única coisa com graça nisto do Brexit foi o pai do Boris se ter naturalizado francês.

Um dia aparecerá um político a sério, o Brexit será revertido, as coisas voltarão a entrar na normalidade. Só não sei quando. Talvez quando o actor principal, o diabo que actua na sombra, tiver virado pó.

.........................................................................................................................

Até lá, que viva o outono que, finalmente, parece estar a aceitar deixar de ser verão. Que traga chuvas, aragens, neblinas, cheiro a lareira, terras molhadas, árvores gotejantes, vontade de aconchego.

E que os tempos tragam algum presciência a quem vive ou assiste ao declínio moral que aqui e ali vai medrando nas sociedades democráticas, abertas, tolerantes, inocentes.

.........................................................................................................................

E que a beleza e a graça e o amor estejam sempre por perto

Auto-retrato de Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun (Paris, 1755 –1842)


Lea Desandre & Cecilia Bartoli – De Bottis: Mitilene, regina delle amazzoni: "Io piango" - "Io peno"


The English Patient - The Heart is and Organ of Fire 


Bedroom Folk - Sharon Eyal & Gai Behar (NDT 1 | Strong Language)



Foto de Alain Laboile

______________________________

Um bom sábado
Saúde. Aconchego. Beleza. Paz.

1 comentário: