sexta-feira, janeiro 18, 2019

Lisboa tem montras com leitões, calçadas, ratinhos, galos, santos e santinhas.
Lisboa, minha linda.
[Postal nº 2 de 8]




Está muito frio. Quando fomos fazer a nossa caminhada e estava que não se podia. Não sei se era do ar que se respirava, se era de mim que o respirava.

Motivos para fazer aqui uma festarola não faltariam: 
  • não só as macacadas dos defuntos da era lapariana, todos a darem à costa -- a pinókia dos  swaps, a  tal da justiça que dá mau nome às louras, o aguiar do escritório de advogados, o Hugalex que nunca mais atina, sei lá, tudo a sair à cena -- palavrentos, biliosos, conversas trapalhonas, falta de ética, todos prontos a destruir com o ácido da sua bílis não só Rui Rio mas toda a sua entourage, afinal todos correlegionários. 
  • mas também poderia falar do abraço apaixonado e emocionado entre as duas múmias paralíticas que sempre se odiaram, o Rio e o Menezes
  • ou poderia dizer qualquer coisa da dupla sinistra que a SIC convidou para falar de Vara, uma dupla que pareceria uma anedota se eles não fossem um perigo, a Procuradora Boca Guedes e o ressabiado Mano Costa. Não fui autorizada a ver já que, aqui em casa, se preza muito a higiene mental mas, num rápido zapping, o que vi e ouvi foi de susto. Gente destas é tóxica, estraga tudo, envenena o solo que pisa e o ar que respira. Mas não me alongo, remeto para as palavras do Valupi.
  • e até poderia falar do anormal do Trump com as suas burrices e alarvidades e com a última tirada a dar entender que a mulher poderia fazer as saladas para servir aos convidados (já que continua o shut down). Mas a Melania não se deve importar, gosta de fazer papel de parva, de escrava parvalhona.
  • ou poderia falar da pangalhada do Brexit e da demonstração da irresponsabilidade dos populistas que levaram o Reino Unido a este beco sem saída. Todos à deriva, conduzidos por uma totó.
Mas, infelizmente, não estou in the mood. Continuo com pouca vontade. Estou melhor, bem melhor, thank you, mas, ainda assim, aquelas cócegas nos dedos de que o Francisco, no outro dia, falou, essas ainda não deram as caras.

Por isso, volto-me para o meu passeio de domingo pelas ruas desta Lisboa de que gosto todos os dias e, sempre, cada vez mais.

Comecei, lá em cima, com a fotografia um bacorinho que podia passar por atleta mas que a fumar daquela maneira não o é e que, ó Caro Rei dos Leittões, pela cor dos pezinhos, lamento mas não é da sua família, um ilustre Pata Negra.

Noutra montra um garboso galo, um bem comportado acólito e não sei se um Santo Antoninho. E azulejos. 


E depois um quadro lindo, uma Nossa Senhora, um menino e mais uma amiga da mãe do menino e, à frente, uma orquídea perfeita e umas pecinhas.

E o reflexo dos prédios da frente. Gosto de fotografar montras em Lisboa pois contêm sempre a beleza das ruas reflectida nelas.


E continuo Rua Alecrim acima, agora do outro lado da rua, passando por uma loja de que gosto há bué. Comprei lá uma caixinha para jóias para a minha mãe que, desde há mil anos, está em cima da cómoda do quarto que era de ambos e que agora, desde que o meu pai está numa cama articulada com um colchão eléctrico anti-escaras, é só dele. Também é de Louças de Sant'Anna uma cigarreira com cinzeiro acoplado que não exerce outra função que não apenas a de ser apenas uma bela peça. Herdei também o pé de um candeeiro, uma mesinha pequena com tampo de mini-azulejos e creio que mais qualquer coisa mas de que agora não me lembro.



Lá em cima, já no Chiado, a Vista Alegre. Não fotografei bem pois no chão há montinhos de pedras da calçada e não as apanhei. Só fotografei as peças cujo desenho é inspirado no belo trabalhado das ruas.  E, uma vez mais, o reflexo das ruas. Tudo tão bonito.

E, atravessando a rua, a bela loja Hermès. Tudo ali é bonito e de boa qualidade, desde as sedas -- cada écharpe mais linda -- até à decoração das montras.

Agora todas as montras têm ratinhos fofinhos e alegres. O decorador de montras deve ter uma explicação para a opção mas, pelo menos para mim, não é evidente. Não interessa. Ratinhos, gatinhos, gatões, leitões -- tanto faz.

Já no outro dia, quando falei da Lisboa musical, mostrei outra montra, uma com ratinhos músicos. 


Devo dizer que não sou grande cliente da marca, é tudo caro demais para o meu gosto. Mesmo as gravatas de homem, sempre com um bom toque e com desenhos bonitos, me parecem excessivamente caras. Penso sempre que gravatas Hermès só para homens que fazem questão de ostentar marcas. Tinha um colega muito vaidoso que tinha uma grande coleção delas. Quando gozei com ele, disse que não era vaidoso e que não tinha comprado uma única, que os amigos é que, pelos anos, lhe ofereciam sempre gravatas Hermès. Claro que gozei com ele por causa desses amigos, deviam ser escolhidos a dedo para terem poder de compra para lhe oferecerem gravatas Hermès. Whatever.

Para mim, de Hermès, apenas os seus bons perfumes. 

No outro dia, por exemplo, vacilei quanto a um que é excelente, o Eau de Rhubarbe Écarlate: pensei que não precisava e depois, quando lá voltei, com a auto-desculpa que era uma extensão dos presentes de Papai Noël, já se tinha ido. Fiquei com pena. Devemos seguir os nossos instintos. Quando os contrariamos fazemos mal.


-----------------------------------

Espero que tenham gostado deste meu passeio a ver montras. 
A ver se agora vos mostro o tal alfarrabista. Têm que ver.
O pior é a minha falta de energia.

----------------------------------------------------------------------------------------

13 comentários:

Gina disse...

Adorei as fotografias com reflexos. É como se estivesse lá, afinal posso ver os dois lados da rua. E fico à espera de ver o alfarrabista. É um tipo de loja que gosto de espreitar, livros envelhecidos, lidos por muitos, e com pessoas calmas lá dentro.

Anónimo disse...

Olá, bom dia!

Junto-me à Gina, na espera pelo alfarrabista.
Foi muito bom andar pela "Rua do Alecrim acima"... quase tão bom como ouvir o Fausto.

Uma boa Sexta e, como cantaria o Michael Stipe, hang on, hang on!
🌲L

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Gosto tanto desse tipo de lojas, coisas tão giras.

Essa do seu amigo, muito boa.

Um abraço.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Ah, quanto à higiene comentadeira, estou com o seu marido, não papo nada que me revolva o estômago.

Outro abraço.

Victor Barão disse...

Gosto muito de Lisboa, ainda que por norma não saiba de memória o nome da maioria das lojas nem o que vendem sem estar frente às mesmas; gosto muito de Fausto, de toda a sua obra; gosto muito da escrita, no seu todo, aqui em "Um jeito manso", mesmo que e/ou até por quanto com relação à política...
Muitos parabéns e obrigado
Bom fim-se-semana
Abraço
VB

Um Jeito Manso disse...

Olá Gina,

Gosto de fotografar montras justamente para mostrar a montra e o que nela se reflecte e só porque sim é que também não me meto lá dentro.

Ainda não foi hoje que mostrei o alfarrabista: continuo com as palavras meio presas, parece que não estou com a disposição certa para falar de livros. Sorry.

Um sábado bom, Gina!

Um Jeito Manso disse...

Olá Ms Tree Lover,

Adoro a Rua do Alecrim, em especial de descê-la para ir vendo o rio a aproximar-se.

A ver se amanhã consigo mostrar o alfarrabista. É fantástico, estou com vontade de lá voltar. E hoje até escolhi as fotografias mas depois faltou-me a vontade para escrever sobre o que vi.

Obrigada pelas palavras simpáticas.

Um bom sábado!

Um Jeito Manso disse...

Olá Menino dos Anos,

As lojas desta zona da cidade, Rua do Alecrim, Chiado, Garret, etc, são de se perder a cabeça, lindas. Mesmo que apenas para ver. E fotografar.

Espero que o dia tenha sido alegre e bom.

Um sábado feliz!

Um Jeito Manso disse...

Olá Víctor,

Escrever aqui é para mim já quase uma necessidade, talvez até um escape, certamente um prazer. Gosto também do Fausto e achei que aqui, a falar de Lisboa, teria que tê-lo.

E muito obrigada pela amabilidade das suas palavras. Tem razão: a graça disto é dar e receber.

Um sábado feliz!

AV disse...

Esse é um dos meus passeios preferidos quando regresso a Lisboa! Gosto depois de dar uma volta pela rua Capelo e pela rua Anchieta para ver as Cerâmicas e a Vida Portuguesa.

Um abraço e Sábado excelente!

Ana

Fernando Arroja disse...

Bom gosto...

Um Jeito Manso disse...

Olá, Senhora Dona Ana de Vaz con Cellos,

E por essas ruas andei, Senhora. Por onde exista loja bonita, montra com graça ou passeios bons de ver e calcorrear lá estou caída. Só me tem faltado tempo (tempo ou disponibilidade mental, nem sei) para me sentar na esplanada da Brasileira e por ali me deixar ficar a ver quem passa.

Quem sabe ainda um dia por lá nos cruzamos.

Uma semana feliz, Senhora Dona Ana.

Um Jeito Manso disse...

Olá F. Arroja,

Pois lhe digo que, apesar do minimalismo do seu comentário, ele me agradou.

Uma boa semana, essa que aí vem.