terça-feira, setembro 13, 2016

Mas olha lá, ó UJM, mas isso deve ser uma canseira...
E massagens tailandesas... não me digas que não há...?!
[de uma série de 11 posts com títulos parvos]


Bem, vou guardar para o fim o melhor da festa. 

Entra-se nestas praias e lá está a seta a indicar as massagens tailandesas. E num canto da praia lá estão as tendas e, curiosamente, apesar de haver pouca gente na praia, em cada tenda lá está sempre algum(a) cliente a ser massajado.

Eu, que tanto gosto de uma bela massagem, nunca me passaria pela cabeça pôr-me ali na praia naquilo, muito menos a ser massajada por um homem (porque, com excepção da que está em cima da vítima na fotografia aqui abaixo e que me parece ser uma mulher, o que lá vejo são homens).

Mas, enfim, acho graça ver e admito que seja uma experiência agradável.




Eu, moça mais cheia de finesse, escolho lugares mais recatados para levar uma bela de uma massage. No hotel, pois claro. Tinha marcado para as seis da tarde uma massagem relaxante, anti-stress.

Viémos da praia, fomos ainda um bocado para a piscina interior (nadar, fria e alterosa como está a água do mar, só em piscina e, se for aquecida, tanto melhor) e, a seguir, para um deliciosamente turbulento jacuzzi a 36º.

Estava eu naquele bem bom, coberta e recoberta por água borbulhante, num espaço que é envidraçado, quando vejo, a passar para a zona dos tratamentos, um homem todo vestido de branco. Disse ao meu marido: 'Não me digas que o massagista é um homem...' Tanta massagem que já levei e sempre calhou serem mulheres. 'Ai... não me estou a ver, caraças... não quero, bolas, tu não me digas...'. O meu marido disse 'faz de conta que é um médico'. Olha, como se fosse a mesma coisa, como se os médicos me dessem massagens. 

Por estas e por outras é que se vê que, ao contrário do que se possa pensar, sou uma maria-atada. Estava verdadeiramente acobardada -- que nem sei se acobardada é o termo, talvez atrapalhada, sei lá.

Portanto, perto das seis, subi ao quarto, tomei um duche, vesti-me e desci para a zona dos tratamentos. O meu marido foi para o exterior, apanhar o sol da tarde. 

Lá estava o terapeuta à minha espera, como o senhor da recepção me avisou ('o terapeuta está na zona dos tratamentos'), calças brancas, casaco branco. Indiano. Vá lá que não era tailandês senão ainda me sentia mais parva depois de estar a achar que não era capaz de me pôr deitada a levar massagens de um tailandês. Indiano, com uma pinta encarnada na testa.

Entrámos. Aquele lusco-fusco, aquela música suave, indiana neste caso. Falava em inglês. Perguntou se eu tinha lesões com as quais ele tivesse que ter cuidado. Depois disse para eu tirar a roupa. E ele ali. Em todas as outras vezes, a massagista diz para uma pessoa se despir e se deitar na marquesa, coberta por uma toalha. Elas saem e só regressam passado um bocado, quando já estamos deitadas e cobertas. Este não: que eu me despisse -- e ele ali. Fiquei sem saber o que fazer à minha vida. Se estivesse descontraída e com à vontade, ter-lhe-ia dito, com ar de brincadeira, que se virasse para lá, que não me apetecia fazer strip tease para ele. Mas nem para isso tive discernimento. De olhos baixos, encabulada, despi a saia e a blusa e fiquei de cuecas e soutien. Quando levantei os olhos para subir para a marquesa é que vi que ele estava a segurar a toalha de braços no ar, ou seja, ele escondido atrás da toalha. Gostei. Fiquei mais tranquila. Que me deitasse de barriga para baixo, disse. Depois pousou a toalha em cima de mim. E eu a pensar: bonito serviço, agora vou levar uma massagem de soutien. Mas ele não se atrapalhou. Com delicadeza, desabotoou o soutien e afastou as partes para o lado. A seguir avisou-me que, se durante a massagem, eu achasse que estava a fazer muita pressão, que o avisasse.

Colocou-me um rolo debaixo de cada pé. Colocou os meus braços ao longo do corpo mas um pouco afastados. E eu a pensar, ai mãezinha, caraças que não me sinto nada à vontade...

Bem. A seguir, despejou, pingo a pingo, um óleo morno ao longo da minha coluna, ao longo dos meus ombros e dos meus braços. Depois espalhou-o devagar e pousou as duas mãos nas minhas costas, primeiro devagar, depois em pressão crescente. Agradável. E deu, então, início ao que me pareceu uma dança de movimentos sobre o meu corpo, ora pressionando, ora pontilhando, ora deslizando sobre mim toda a zona dos seus antebraços, ora vigorosa ora delicadamente. 

Para quem não conheça, a marquesa de massagens tem uma abertura, que estava contornada com uma toalha enrolada para dar alguma altura, para pormos a cara. E, portanto, enquanto eu estava de cabeça para baixo, pela abertura, podia observar o movimento das suas pernas. Estava descalço e quase parecia dançar. Escusado será dizer que se eu, ao entrar, tinha algum músculo mais embrulhado, no fim, com aquela maravilhosa massagem, estava levezinha, descontraída, capaz de voar.

Felizmente a que escolhi era, sem que eu antes o soubesse, só nas costas porque, senão, ao ter que me pôr de papo para o ar, lá voltaria, outra vez, a minha atrapalhação. Mas não havia razão para isso, eu é que sou mesmo uma maria-palerma, uma maria-saloia: foi tudo na maior decência e profissionalismo, pois claro, poderia lá ser de outra forma...? 

No fim, outra vez as duas mãos abertas pousadas nas minhas costas, imóveis, primeiro com pressão e, progressivamente, a pressão a desaparecer, apenas um toque muito suave. Quando acabou, como sempre, até tive pena, tão bem me estava a sentir.

Disse-me que já me poderia levantar mas antes, com a mesma delicadeza, abotoou-me o soutien. Levantei-me, esperando que se tivesse, outra vez, escondido atrás da toalha mas, de novo, fui de olhos baixos e apressadamente enfiei a roupa pelo que não faço ideia. No fim, acompanhou-me à porta e perguntou-me se me sentia bem e se tinha gostado. Puxa, se gostei. Gostei mesmo.

____

E pronto, foi esta a minha primeira vez: o dia em que um indiano fez dançar as suas mãos sobre o meu corpo.

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E queiram seguir por aí abaixo, porque há mais, muito mais.
(Até tenho vergonha de dizer mas... há mais 10 posts.)

.......

6 comentários:

  1. Já pensou que os massagistas estão fartos de ver gente nua (ou quase)?! Não fiz massagem com indianos, mas os jacuzzi com jacto dirigido e duches vichy são bem agradáveis. E é tão indiferente que sejam homens ou mulheres!.... a dor retira-nos todos os pruridos. Sendo apenas por prazer...também não vejo por que não há-de acontecer o mesmo.

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  2. Estes “11 Posts com títulos parvos” são uma delícia!
    O que eu já me ri com a descrição dessa massagem levada a cabo pelo tal indiano vestido de branco. E você naquela situação.
    Já agora, visto a criatura exprimir-se em inglês, tinha o tal característico sotaque indiano, tão divertido e genialmente imitado por Peter Sellers, no filme “The Party”, ele no papel de um indiano atabalhoado? Vi esse filme há uns largos anos, em vídeo, já depois de ter sido exibido. E já o voltei a rever, nunca me cansando.
    Um dos meus filhos imita na perfeição o tal sotaque deles.
    P.Rufino

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  3. Daí, dessa praia, cujo nome não escrevo, para Norte, fica o Alvorião. Atreveu-se a ir lá? Noutros anos, encontrar-me-ia lá por esta altura. Alvorião significa o "homem velho do mar" e o nome resulta da forma da falésia vista da praia ao por-do-sol cujo relevo representa um rosto de velho.

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  4. Olá bea,

    Pois que os massagistas estão fartos de ver gente nua isso eu sei. O meu problema não era ele, era eu. Eu é que não estou habituada a despir-me em frente de um desconhecido que, ainda por cima, a seguir me vai pôr as mãos em cima...

    Havia uma rábula do Jô Soares que era sobre uma que 'tirava a roupa em qualquer lugar'. Eu não. Mas pronto, tem razão, não doeu nada. Foi até bem bom.

    Uma boa noite, bea!

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  5. Olá P. Rufino,

    Sim, nem mais. Um indiano a falar inglês com aquele sotaque tão característico. Tal e qual. E descalço, vestido de brando e com uma pinta encarnada na testa. Ao som de música suave indiana. Um filme.

    Uma noite boa para si, P. Rufino.

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  6. Olá João,

    Não creio que tenha ido. Fui agora ver na internet e não me parece. Parece que em vez de areia tem cascalho e não estive em nenhuma praia sem areia. Provavelmente só se consegue lá chegar com a maré completamente vazia (ou por algum caminho arriscado, para me perguntar de me atrevi). Mas deve ser bonita - mas são todas tão bonitas. É um mar tão bravio, um cheiro tão intenso.

    É quase o reverso absoluto das montanhas, acho eu.

    Uma quarta-feira feliz para si, João.

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