terça-feira, setembro 20, 2016

Da obra vil e tão repugnante que não vale uma poia de cão largada no passeio, o que dirá aquele que diz não ser da coisa obrada o empreiteiro mas que, porque deu a palavra, a vai apresentar?


Por vezes venho a pensar escrever qualquer coisa e, às tantas, porque vejo que outros o fizeram antes de mim, faço a agulha e aponto noutra direcção. Com quem me acontece isso mais frequentemente é com o Valupi ou com a Penélope, ambos do Aspirina B. E escrevem com tal galhardia que me fazem pensar: ó céus que se me anteciparam outra vez e com tal talento que nem vale a pena pretender vindimar vinha já tão bem vindimada. Chapeau.

Hoje foi outro desses dias. Conto.

Estava eu no carro de manhã quando ouço um daqueles momentos de rádio que valem ouro e que justificam a razão de, àquela hora, eu sintonizar a TSF e não outro posto. Fernando Alves, o Senhor Rádio, leu, com aquela sua inconfundível voz, uma pequena crónica que, de imediato, achei ser uma peça de antologia. Pensei: logo vou colocar no blog o link para esta pérola (ou, vá lá, para esta flor excrementícia).


À noite, à vinda para casa, um engarrafamento. Acidente numa das vias mais movimentadas à hora de ponta e o caldo está automaticamente entornado. Fiz telefonemas, ouvi a Antena 2, desesperei; até que me pus a ver os blogs da galeria lateral do UJM. E, bolas!, gaita!, outra vez!
O Distinto Valupi lá se tinha, uma vez mais, antecipado.

Contudo, agora aqui chegada, pensei que desta vez não me ia ficar até porque me quedaria pena de, neste meu sítio, que é quase um repositório de 'cenas' que vou pensando ou registando, não ficar com o apontamento deste fantástico momento de humor, ironia, sarcasmo -- e arte de bem escrever e de bem dizer. Fernando Alves não diz um nome, Não diz que o empreiteiro da obra que não vale uma poia de cão é José António Saraiva, não diz que a dita obra vil é o asco em forma de livro que dá pelo nome de 'Eu e os políticos' onde o pequeno arquitecto verte para papel o que ouviu off the record ou o que inventou, nem diz que o apresentador da obra que nada poderá dizer que se não suje é o inteligente Passos Coelho. Mas não precisa de dizer.


A quem ainda não ouviu, sugiro que clique para ouvir. É imperdível.

Toleima do apresentador obstinado


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Já agora:

 Pela veemência da repulsa são também dignos de visita:

'Que se afunde com a bosta' de Daniel Oliveira que li na Estátual de Sal
e, no Escrever é triste,
'Um livro que nunca lerei' de Henrique Monteiro
e o delicioso 'Toma' de Rita Roquette de Vasconcellos

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1 comentário:

  1. E está tudo dito sobre JAS, com o que aqui publicou. José António Saraiva é moral e profissionalmente uma criatura imunda. Ponto!
    P.Rufino

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