domingo, maio 31, 2015

E a Feira do Livro no Parque, pois claro. Apesar de tudo. Talvez já seja mais um ritual que outra coisa mas, enfim, os rituais são para se cumprir. [1º de 4 posts]


Quando eu era miúda ia à Feira do Livro com os meus pais. Era uma alegria. Já adolescente escolhia eu os livros, gostava de andar pelos alfarrabistas, e já nessa altura tendia para coisas pouco óbvias. Os meus pais surpreendiam-se, tentavam exercer alguma censura, mas era pouca a sua convicção e pouca a minha disponibilidade para lhes dar ouvidos.

A carta de alforria veio com a faculdade. Na altura, tinha um namorado todo dado às letras que me ultrapassava pela esquerda e pela direita nisto dos livros. Onde eu andava pelos autores portugueses e pelos clássicos estrangeiros (por clássicos leia-se, por exemplo, Steinbeck, Moravia, Camus, Dostoiévski, etc) e à descoberta de outros, mas à descoberta completamente ao acaso, já ele sabia de alguns de que eu nem suspeitava -- filósofos, linguistas, poetas estrangeiros. Ficava admirada com o que ele sabia e intrigada por não conseguir imaginar onde, como, quando descobria ele tudo o que sabia. (Este sábado, um dos livros que trouxe foi traduzido por ele, certamente mais uma excelente tradução).

Por isso, nessa altura, ir à Feira do Livro era um exercício que ele cumpria com disciplina e satisfação e um prazer cheio de surpresas para mim.

Depois, quando o namorado já era outro, a Feira do Livro era ainda uma alegria, mas uma alegria mais espontânea, éramos os dois à descoberta. 

Depois, pouco mais tarde, vieram os meninos e aí a coisa começou a fiar mais fino. Todos os anos, mais do que uma aventura, passou a ser uma odisseia. Começavam por querer tudo, escolhiam, queriam porque queriam mas, algum tempo depois, já estavam fartos. Ficava então o pai a vigiá-los para não se tresmalharem, enquanto eu me perdia em cada stand, sempre com eles a chamarem por mim, já desesperados.

Quando os meninos passaram a ter voz activa, passaram a ir por eles e eu recuperei a minha maior liberdade de movimentos. Houve uma altura em que trabalhei não muito longe dali e então, ao fim do dia, era por lá que deambulava, carregada de catálogos e sacos de livros.

Agora ainda lá vou mas tenho que confessar que já não sinto aquele velho apelo. Por um lado, os cartões das livrarias já permitem que se usufrua do desconto de 10% ao longo de todo o ano e, por outro, a feira mercantilizou-se e já não é bem uma feira do livro mas quase uma feira popular.

Admito que o mal seja meu que nisto de livros sou um bocado esquisita, exigente, nem sei. Acho que um livro é um livro é um livro. Custa-me escolher livros no meio da confusão entre cheiro a bifanas ou a filhoses ou a ouvir música para ginástica.

Seja como for, lá estive. E até gostei de me sentar a ouvir jazz, é sempre um prazer ouvir jazz numa tarde agradável entre árvores e livros.




(Aqui abaixo não é jazz porque hoje estou numa de Satie)



Tenho algumas saudades dos stands dos Livros do Brasil onde comprei tantos e tantos livros, ou da Guimarães, ou da Dom Quixote quando era mesmo Dom Quixote. Ou da Estampa. Ou de tantas outras. Eram stands discretos, os vendedores lá dentro e nós circulando à volta. Agora, nos maiores, entra-se, e é como se entrássemos dentro de escaparates, e depois vem pagar-se cá fora. Não tem mal mas chateia-me um bocado andar a ver livros em prateleiras que não são prateleiras, são expositores, e em que os produtos expostos podem ser livros ou brinquedos ou o que for. Prefiro os stands mais pequenos onde há pessoas lá dentro para responder às nossas perguntas.

E, por todo o lado, há esplanadas, lojas a vender comida, queijadas de Sintra, ginja de Óbidos, sandes de leitão, bifanas, cachorros de toda a espécie, pizzas, farturas, churros.




E há zonas onde há instrutoras de ginástica a fazer (não me lembro do nome da) dança e tudo aquilo é uma chinfrineira, faz lembrar a animação de beira de piscina de alguns hotéis no verão, uma coisa meio insuportável.




Mas, seja como for, o que eu sei é que até a mim aqueles cheiros já me estavam a dar fome, só via gente a comer e a comprar comida. Às tantas, já dizíamos um para o outro: onde é que vamos mas é jantar? E até já púnhamos a hipótese de ficar por ali. Mas começou a esfriar e resolvemos concentrar-nos nos livros e irmos jantar a outro lado.




E a verdade é que, apesar daquilo já não ser bem a minha praia, ainda trouxe de lá uns quantos livros (incluindo um para cada um dos pimentinhas que, felizmente, têm sido criados seguindo o mandamento de que um livro é um bem de primeira necessidade).




A maior quantidade que trouxe proveio dos saldos da Relógio d'Água, uns poucos a 5 euros cada, e bons. É por oportunidades destas que ainda talvez valha a pena vir à Feira. Se não estivesse já um bocado fatigada e, sobretudo, a ser pressionada para me despachar, ainda garimparia melhor porque também há lá livros a 3 e a 2 euros mas nesses já não andei à pesca.




Talvez ainda lá volte, talvez para o fim de semana que vem lá vá com a maltinha, pelo menos com parte dela, talvez. 

Mas com estas grandes editoras que engoliram outras, com a transumância de escritores entre editoras, já não sei bem onde é que eles estão, tenho uma certa dificuldade em orientar-me da forma espontânea como dantes o fazia.
Aliás, tinha um costume que era, na primeira vez que lá ia em cada ano, fazer uma recolha geral de catálogos. Depois estudava-os em casa e fazia uma pré-selecção. Depois fazia contas e ia cortando. Quando voltava à feira, já tinha um roteiro, por editora/escritor. Agora acho que, em alguns casos, mesmo que quisesse, nem saberia a quem pedir os catálogos, muito daquilo ficou impessoal, mercantilizado em excesso.

Mas, enfim, é o que é. E, se lhes dá mais lucro, é assim que certamente ficará. São os tempos.

Como habitualmente, não pedi autógrafos e até me deu pena ver alguns escritores meio abandonados, lendo um livro para se entreterem, numa mesita triste entre stands. Ou estão ligados a uma daquelas big editoras ou é aquilo.


Feira do Livro de Lisboa no Parque Eduardo VII

com o Marquês de Pombal a olhar o Tejo e a outra banda


E depois, a sombra cobrindo já parte do espaço, viemo-nos embora -- não sem antes eu me deleitar, uma vez mais, com a beleza do lugar e pensar no quão privilegiados somos por podermos usufruir de uma Feira do Livro a céu aberto, num jardim com o rio em fundo, nesta cidade tão luminosa e afável.

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A música é de Erik Satie - Gnossienne No.5

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E, convidando-vos a percorrerem os outros três posts abaixo caso queiram saber das minhas andanças ao longo do dia, por aqui me despeço.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo. 
Sejam felizes -- também com livros.

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O perfume quente, doce e colorido do campo quando o verão se anuncia. My heaven, my love. [2º de 4 posts]


E então recolho-me ao campo, ao ventre, à terra de onde não saí mas que me adoptou, ao calor íntimo que me protege e abraça. É lá que descanso melhor. Cheguei, reparei que o alfazema já tem as espigas floridas e cheirosas, reparei nas sardinheiras que crescem pelo meio das árvores e que perfumam o ar com um cheiro doce. Entrei em casa, abri a portada para que a luz entrasse, estendi-me no sofá a ler o Expresso e talvez nem um minuto tenha demorado para adormecer profundamente. 

Acordei mais de uma hora depois e senti-me bem, renovada. Depois li o jornal, vendo a luz dourada que entrava pela janela.

Quando a temperatura já se acalmava, fui então passear, sentir a caruma sob os pés, ouvir os pássaros, ver como a minha sombra se mistura com a terra, com as pedras, com as flores, ler os poemas que Sophia, Herberto, Eugénio e outros deixaram nas paredes junto às figueiras, às videiras, às azinheiras. Vivem in heaven, aqui se juntam, aqui espalham pelos ares as suas palavras abençoadas.







Os loendros estão floridos, cheirosos, as árvores estão grandes, vistosas, e os seus verdes misturam-se, vibrantes ao sol.

É aqui que estendo a roupa. Há cordas entre as árvores e a roupa assim, ao sol, entre árvores e flores, fica sempre limpa, quente, perfumada.




E eu que já muitas mil vezes fotografei as flores, os azulejos, as cores que se misturam ao sol, sinto-me sempre deslumbrada - é como se ainda não acreditasse que nada disto existia até que eu tivesse tido a ideia de aqui ter estas coisas e, muito menos, acreditasse que os meus sonhos se pudessem materializar desta forma exuberante, quase indecente, é como se a natureza tivesse querido surpreender-me, indo para além, muito para além, dos meus mais fantasiosos sonhos. E surpreendo-me, agradecida -- e logo eu que me deslumbro com as flores, as árvores, as pedras, como se tudo fosse fruto de uma qualquer magia, de mistérios assombrosos, de actos divinos.




As silvas tudo invadem, crescem como loucas, estendem os seus braços longos pela terra, envolvem árvores, muros, tudo. Penso sempre: deveriam ser cortadas, qualquer dia está tudo tomado por elas, ó descaradas criaturas. Mas, nesta altura, estão cobertas de pequenas flores rosadas, o botão interior cheio de vida. E, não tarda, dali surgirão amoras doces, quase negras de tão sanguíneas, um sumo que me tingirá a boca de um sumo escuro, guloso de tão bom.




Sento-me, então, entre folhas, sombras, cariátides. Descanso apesar de não estar cansada, descanso pelo cansaço que sentirei em dias futuros, em que terei carregar o peso de um quotidiano nem sempre leve, e aspiro este ar tão limpo, deixo que o calor suave se encoste à minha pele, gosto tanto de sentir o sol, e o sol misturado de sombra, na minha pele. E a minha pele está em silêncio, recebendo a dádiva da carícia da aragem tépida e os pássaros cantam, felizes e inocentes, e vejo pequenas lagartixas, e ouço a folhagem, e um cão que ladra lá longe, nas aldeias ou na serra, e sinto o coração a bater de amor por tudo o que me cerca, e pelos que amo, e pelos que me amam.




Mais tarde, o meu marido disse: há erva e matagal por todo o lado e agora, com este calor, já nem dá para meter a máquina.  E eu disse que pois não, que teríamos que dispor de uns dias para vir para cá cortar o mato à mão, com podão, serrote. E ele disse que é loucura fazer isso à mão, e eu não disse mas pensei que mal posso esperar por isso, gosto tanto de andar por aqui, a arranjar as árvores, a desbastar arbustos.

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A música é a Gnossienne No. 1 ( Lenta ) de Erik Satie

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E, se aceitam a sugestão, desçam, por favor, até aos dois posts seguintes onde se fala da beleza dos jacarandás e de um anjo silencioso que parecia voar sobre as águas.

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Jacarandás em Lisboa - tanta beleza, tanta perfeição nesta cidade tão maravilhosamente imperfeita [3º de 4 Posts]


Lisboa é uma cidade bonita todos os dias, bonita em todo o lado, bonita mesmo nas suas imperfeições, 
Por outro lado, é uma cidade imperfeita, que bom! Não é como Genebra ou Zurique, onde tudo é perfeitinho.
É um local incrível, com um império no passado, uma história extraordinária, uma arquitetura admirável de muitos períodos diferentes. Há exemplos tão bons dos anos 60 e 70 como do final do século XVIII. A cidade está cheia de textura, não se limita à arquitetura do final do século XIX, há também um formidável sentido de modernismo.

uma cidade variada, com casas novas, casas velhas, árvores enormes, cores suaves, flores, uma luz meridional, tranquilidade.

Quem por aqui me acompanha sabe deste meu amor, e se eu sou de amores intensos. 

Muitas vezes falo da beira do rio ou do Chiado ou dos miradouros ou dos museus ou dos jardins. Mas hoje é de jacarandás, essas imensas árvores, etéreas, luminosas, que vou falar. Falar, não. Mostrar.

Andar por uma avenida ladeada por estas árvores ou em que elas fazem um deslumbrante separador central é maravilhoso, o céu visto através de uma cortina rendilhada e lilás é maravilhoso, parece que caminhamos no meio de um sonho delicado.
















Uma beleza esta cidade onde os jacarandás florescem em fulgor e graça.


Quer dizer que ainda há muito que pode ser feito para melhorar?

Sim. E o mais importante é que não se deve renovar ao ponto de tudo ficar parecido com a Disneylândia. É preciso que continue a crescer erva entre a calçada portuguesa. Isso é importante porque revela personalidade, de outra forma é como se a cidade tivesse excesso de botox. Se as cidades sofrerem demasiada cirurgia plástica começam a ficar com uma personalidade diferente, perde-se a autenticidade. A razão pela qual Lisboa é assim é porque não há toneladas de dinheiro, nem tudo pode ser renovado, não se podem contratar os melhores arquitetos, o que é bom!


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O texto em itálico é um excerto da entrevista do Expresso a Tyle Brûlé, criador da Monocle, entrevista a que os jornalistas deram o título, justamente, de "Lisboa é imperfeita. Que bom"


Criou a revista "Wallpaper", em 1996, considerada a bíblia do design e arquitetura. Voltou a reinventar-se em 2007 com uma marca de media inovadora, a "Monocle", que passou a ditar tendências globais. Estatuto, qualidade de vida, reinvenção do luxo e das regras do mercado fazem dela uma revista e uma 'cultura' globalmente cobiçada. Tyler Brûlé é a "Monocle". E todos querem ver o mundo pelo seu monóculo.
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Lá em cima, a música de Erik Satie - Gnossienne nº 6 - Avec conviction et avec une tristesse rigoureuse

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E, se me permitem a sugestão, desçam, por favor, até ao post seguinte para verem um anjo silencioso que se atirou da Boca do Vento.

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Quase voar [4º post de 4]


Manhã de passeio pela beira do rio. No elevador da Boca do Vento mais um valente (ou maluco...?) preparava-se para se atirar. Volta e meia é isto.


Bungee jumping na Boca do Vento sobre o Ginjal





No outro dia, já nem sei se era a propósito disto, a minha filha dizia que uma coisa qualquer haveria de ser boa para mim, já que eu gostava tanto de voar.
E gostava mesmo. E sonho. E tenho tal e qual a sensação de voar, deixo-me ao sabor do vento, a planar, mudo de direcção, sinto o vento. Mas uma coisa é voar e outra é cair a pique, uma pessoa despenhar-se, que é o que acontece com isto do bungee jumping

Geralmente, quando se atiram, os corajosos gritam como uns capados, gritos lancinantes de quem sente o terror e não tem como fugir dele. Mas este não. Atirou-se com suavidade, discreto, o rio tão azul quase a seus pés, e ele a balouçar-se em silêncio. Deve ter sido bom, deve ter aproveitado melhor do que os que gritam desesperadamente.




Fiquei a vê-lo e a fotografá-lo até que o cabo se imobilizou e ele foi descido até a terra firme. 




Muito corajoso e muito sóbrio. Nunca tinha visto uma coisa assim, parecia um anjo negro silencioso.

Lá em baixo um gato escondia-se do sol, negro, olhos cheios de luz, e igualmente silencioso.




Este é um lugar abençoado, onde se podem esconder os que procuram a sombra e o silêncio, onde podem voar os que querem sentir o que sentem os anjos que voam sobre o mar, onde eu posso andar, transparente, invisível, aspirando a maresia e sentindo os outros seres invisíveis, feitos de palavras, que andam junto a mim, dentro de mim.

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Lá em cima, de Erik Satie a Gnossienne No.4

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sábado, maio 30, 2015

Como o drone da PSP não pode sobrevoar o Estádio Nacional, talvez os agentes possam antes usar o carro de polícia mais rápido do mundo - até porque, se for preciso apanhar e dar um tareão num pai que saia para dar de beber aos filhos, todos os meios são poucos. E, já agora, a turminha da Porta dos Fundos explica como é que as forças da autoridade devem agir em situação de crise, baderna ou furdunço.


No post abaixo divulguei uma história ilustrativa do que é a economia; mais abaixo ainda, um cartoon mostrando a que é que conduz o egoísmo acéfalo. Aqui, agora, divulgo o carro de polícia mais veloz do mundo. Tudo material que Leitores, a quem muito agradeço, me têm enviado.

Mas, antes do filme, uma notícia do mais relevante que há.




Depois de, ao longo da semana, ter andado a ouvir -- como notícia de abertura nos noticiários da TSF (tão importante é o assunto!) -- que a PSP ainda não tinha recebido autorização para usar os drones, acabo de ler a seguinte notícia que é um verdadeiro baldinho de água fria na cabecinha dos senhores agentes da autoridade.

A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) emitiu esta sexta-feira um parecer negativo* ao uso de uma câmara de filmar acoplada a um drone na operação de segurança preparada pela polícia para a final da Taça de Portugal.

O Ministério da Administração Interna tinha enviado na segunda-feira um pedido à CNPD para que emitisse um parecer sobre a utilização, pela Polícia de Segurança Pública (PSP), de uma câmara de vídeo portátil, acoplada a uma aeronave não tripulada, na final da Taça de Portugal, que se realiza este domingo, entre o Sporting Clube de Portugal e o Sporting Clube de Braga.
“Na ausência de lei, não pode a CNPD emitir parecer favorável à pretendida utilização da câmara portátil acoplada à aeronave não tripulada. De todo o modo, a CNPD sublinha que a necessidade de tal utilização não está demonstrada em face do sistema de videovigilância já instalado na área sob monitorização”, sustenta o parecer, a que a agência Lusa teve acesso.

Pimba. Fui à procura para perceber quanto é que custou esta brincadeira que foi comprada antes de saberem se a podiam usar e li a seguinte notícia do final de 2013:

A compra dos drones foi feito de ajuste direto à empresa portuguesa Tekever, por cerca de 200 mil euros. Os drones adquiridos pela PSP são o modelo AR1 Blue Ray, cada um custa pouco mais de 73 mil euros.

O drone AR1 Blue Ray tem duas câmaras de alta qualidade, poderá voar até 150 metros de altitude, até 20kms e com uma autonomia de duas horas. O aparelho pesa cinco quilos, mede 1,8 metros, atinge uma velocidade de 55km/h, são lançados manualmente e aterram graças a um pára-quedas.
Por agora, será pouco provável que os drones sejam usados, já que não há enquadramento legal para a sua utilização por parte da Polícia de Segurança Pública. No entanto, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia demonstrou a sua indignação, afirmando que num momento em que o Estado deve milhares de euros aos polícias, haja compras deste tipo.


Austeridade e rigor na boca dos desgovernantes que temos é isto. Umas línguas de trapos que pregam uma coisa e, por ignorância, inépcia, desmazelo ou má fé (não sei), fazem o contrário.

E, portanto, agora não podem usar o brinquedo. E, assim sendo, sem o drone, não sei como vão conseguir localizar os pais que saírem para dar água aos filhos ou os avôs que quiserem levar os netos à casa de banho ou as senhoras que quiserem ir ao WC retocar a maquilhagem. 


E é pensando nisso, que aqui deixo uma sugestão aos subcomissários cheios de pica que estiverem de guarda ao Estádio do Jamor. Para o caso de algum desses perigosos bandidos pensar evadir-se e escapulir-se pela A5 ou pela Marginal, nada como se montarem num destes Bugattis (430 km/h), prego a fundo e vá de os perseguirem à força toda para, uma vez imobilizados, irem ao chão e levarem umas cacetadas de criar bicho.

O filme mostra os carros-patrulhas do Dubai mas, quem tem dinheiro para comprar drones que nem autorizados estão, também deve ter para comprar umas bombas destas.
Vá, se não der para carros tão grandes, podem comprar em ponto mais pequeno, tanto faz -- mesmo que não tenham também autorização para circular na estrada. Isso não interessa para nada. Força nisso!

The World's Fastest Police Cars




Transcrevo o texto do youtube que acompanha o vídeo:

The Dubai police force are the proud owners of a 'super fleet,' a mass of high end sports cars from all over the world. Their latest addition to the fleet is the $1.6 million dollar Bugatti Veyron, cable of doing 267mph and from 0-60 mph in 2.5 seconds. However, these vehicles are not used to chase criminals, but instead as a PR mechanism. Heralded as the most progressive of the Arab police forces, they drive the fleet to various tourist attractions in Dubai as a means of connecting with citizens and tourists. Its also another way for Dubai to flaunt their enormous wealth.

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* - Como optimista que sou, vejo sempre o lado bom das coisas. Isto de a CNPD não ter autorizado a utilização do drone para sobrevoar o Estádio Nacional até é capaz de ser boa ideia. Sabe-se lá se os polícias, mais dados a andar à trolha do que a manobras tecnológicas, já o sabem lançar como deve ser...! Olha se, ao quererem pô-lo no ar, fazem como o outro e, à falta de água por perto, o atiram à cabeça de algum espetador (quando a palavra é espectador gosto de aplicar o AO).


Relembro a graça que foi o lançamento oficial do drone da Marinha:




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Já agora, aqui deixo um vídeo com uma sessão de e-learning para os agentes da PSP que vão acompanhar a final da Taça de domingo no Jamor, uma coisa na base do coaching a ver se eles vão calminhos.

A escola é a da Porta dos Fundos: Bala de Borracha




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Se vos apetecer um Cry me a river, um veleiro ao pôr do sol e um adeus em forma de até sempre, deixem-se deslizar até ao meu Ginjal.

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E, já agora, aceitem também outro convite e sigam para bingo: abaixo há mais dois posts.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado. E haja alegria.

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A economia explicada a pessoas com a idade mental dos nossos desgovernantes


O que Leitor a quem agradeço me enviou (para além do que mostro no post abaixo) e que aqui divulgo já eu, mais coisa menos coisa, descrevi antes, num post anterior, para ilustrar, de forma simplista, o que é a economia: fluxos em circulação, incluindo os fluxos monetários. Quando se diz que tem que ser injectada liquidez no mercado é, essencialmente, para isto mesmo: para fazer arrancar o motor económico, para que a confiança se restabeleça, para que a máquina não continue parada, para que volte a haver investimento e criação de emprego. O que uns pagam, outros recebem e quem recebe, paga e assim sucessivamente.




Passo a transcrever o que recebi:

Curso rápido de Economia



Um viajante chega a um hotel para dormir, mas pede para ver o quarto.

Entretanto, entrega ao recepcionista duas notas de 100 euros.

Enquanto o viajante inspecciona os quartos, o gerente do hotel sai a correr com as duas notas de 100€, e vai à mercearia ao lado pagar uma dívida antiga -- exactamente de 200 euros.

Surpreendido pelo pagamento inesperado da dívida, o merceeiro aproveita para pagar a um fornecedor uma dívida que tinha há muito -- também de 200 euros.

O fornecedor, por sua vez, pega também nas duas notas e corre à farmácia, para liquidar uma dívida que aí tinha de... 200,00 euros.

O farmacêutico, com as duas notas na mão, corre disparado e vai a uma casa de alterne ali ao lado, liquidar uma dívida com uma prostituta... Coincidentemente, a dívida era de 200 euros.

A prostituta agradecida, sai com o dinheiro em direcção ao hotel, lugar onde habitualmente levava os seus clientes e que ultimamente não havia pago pelas acomodações. Valor total da dívida: 200 euros.

Ela avisa o gerente que está a pagar a conta e coloca as notas em cima do balcão.

Nesse preciso momento, o viajante retorna do quarto, diz não ser o que esperava, pega nas duas notas de volta, agradece e sai do hotel.

Ninguém ganhou ou gastou um cêntimo, porém agora toda a cidade vive sem dívidas, com o crédito restaurado e começa a ver o futuro com confiança!

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É isto.

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E desçam, por favor, até ao post seguinte.

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Gente parva que não percebe que, quando uma parte da população está mal, tarde ou cedo o mal poderá tocar a todos


O mail que Leitor a quem agradeço me enviou dizia o seguinte como legenda da imagem: 

Isto não resume bem o mal que grassa no mundo? Na nossa sociedade?



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sexta-feira, maio 29, 2015

Um fio encarnado invisível


No post abaixo já falei da sereia Melissa, da barbie Valeria e, em contraponto, trouxe um auto-retrato onde se fala de bichos do chão, pássaros, árvores e gente humilde.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, falo de uma coisa muito diferente.




Há um livro que nunca li (tenho ideia que tem uma capa em fundo azul-celeste com a fotografia de uma senhora sorridente que parece querer transmitir uma mensagem de felicidade instantânea -- e isso para mim funciona como repelente): Comer, Rezar e Amar de Elizabeth Gilbert, do qual se fez um filme que também não vi. 
Não digo que o livro não seja interessante mas estas coisas não chamam por mim -- e sou muito sensível às capas, aos títulos, à paginação: se me cheira a coisa delicodoce ou feita para agradar, até fujo. E com os filmes a mesma coisa.
De qualquer forma, vendo agora o vídeo (com a Julia Roberts na personagem principal), penso que era o tipo de coisa que eu não me importava nada de fazer. 


Comer Rezar Amar




No outro dia, em conversa com a minha filha, dizia-lhe que gostava de ir para um país daqueles em que todo o apoio é necessário. Falei no Nepal, qualquer lugar em África. Ela ouviu e no fim disse: 'Ah, percebi... estás com vontade de ir viajar'. Ri-me e disse-lhe que sim, mas não exactamente, porque não seria viajar por viajar como se viaja quando se vai de férias. Era mesmo ir para o fim de um qualquer mundo, estar num lugar de nada, ajudar desconhecidos. E depois desligar-me. E vir-me embora.

Mas adiante, que não foi por isso que comecei a falar -- foi porque, na Obvious, li uma citação que provém desse livro e que me pareceu acertada:

As pessoas acham que a alma gémea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gémea é um espelho: a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo, para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gémea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gémea para sempre? Não! Dói demais. As almas gémeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesma, e depois vão embora. 

No artigo em que encontrei essa citação, li também:

Dizem que as pessoas, do nascimento até a morte, se encontram com aproximadamente 30 mil pessoas. Dentre elas, 3 mil são de conhecidos da escola e do trabalho pessoas que você conversa com maior intimidade, 300. Dentre esses encontros casuais há um especial que foi decidido por Deus mesmo antes de você nascer, mas esse laço único do destino não é visível para ninguém. A pessoa destinada que não vemos ainda deve estar ligada por um fio vermelho amarrado no dedo mindinho. Por isso, por isso.... para encontrar devo me apaixonar (Akai Ito Dorama)

Conhecer, apaixonar e separar -- e isto, claro, para quem tem a sorte de, uma vez na vida, encontrar a sua alma gémea.


Nem mais. Concordo. Não me parece possível que alguém possa ter uma relação longa e feliz com uma alma gémea. Relações felizes e duradouras só com gente diferente de nós.

No que a mim diz respeito, por exemplo gostando muito eu de poesia, vivo com uma pessoa que é imune a tudo o que lhe cheire a poesia. Não é que não goste de ouvir, até gosta, mas não tenho ideia de o ver pegar num livro de poesia. (No entanto, no outro dia, ao remexer numa bolsinha da minha mesa de cabeceira, descobri uns poemas que ele me escreveu e que até têm que se lhe diga - se os meus filhos lerem isto devem fartar-se de rir, nem devem acreditar; aliás, nem ele próprio deve acreditar pois imagino que já nem se lembre dessa sua fase). E, não ligando eu patavina a futebol, convivo lindamente com o interesse que ele tem pelo dito. E por aí fora. Temos afinidades políticas e uma visão humanista comum mas, de resto, eu farto-me de rir e ele é contido; eu derreto-me em beijos e abraços aos miúdos e ele, quanto muito, dá-lhes um give me five, ele planeia as coisas e tenta ser organizado e eu funciono bem é no registo do improviso - etc, etc. Mas é assim que a gente se entende. Nem pensar em viver com alguém que fosse eu em versão masculina, haveria de ser uma tourada permanente. (Assim, é só de vez em quando).

Porém, o que me chamou ainda mais a atenção nesse artigo foi a história seguinte que achei comovente, vendo depois as imagens:

Um dos maiores exemplos, temos, a artista sérvia Marina Abramovic teve uma intensa relação de amor com seu parceiro, o alemão Ulay nos anos 70. Passaram vários anos juntos, fazendo todos os tipos de performances ao redor do mundo. Em 1988, quando o relacionamento deles chegou ao limite, realizaram o seu último ato, chamado The Lovers cada um caminhou em lados opostos da Grande Muralha da China para se encontrarem no meio, abraçar e nunca mais se encontrar novamente.
Porém 23 anos depois, quando Marina Abramović já era um artista aclamada, o Museu de Arte Moderna ( MoMA) dedicou uma retrospectiva de sua obra chamada The Artist is Present. Nele, Marina compartilha um minuto em silêncio com cada um que se sentou em frente a ela. Ulay veio sem ela saber, e o que aconteceu, segue no vídeo abaixo.

Marina Abramović e Ulay - MoMA 2010




Apetece dizer: lovers for ever

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Relembro: Sobre pessoas que são ficcões e sobre palavras que falam de uma pessoa muito de verdade, poderão descer até ao post que se segue.

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E desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira. Aproveitem-na bem. 
E aproveitem bem todos os momentos, os bons, os menos bons e os bons que se seguem aos menos bons.

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A sereia Melissa e a barbie Valeria -- e Manoel de Barros entre bichos do chão, aves, pessoas humildes, árvores e bichos


Não me lembro se alguma vez achei que sabia muito de alguma coisa. Tenho ideia que não, que sempre achei que tinha muito para aprender sobre tudo. Mas a verdade é que, à medida que tempo passa, mais eu acho que não sei nada, mas mesmo nada. A toda a hora dou com coisas estranhas, coisas que jamais me ocorreriam, coisas que transcendem a minha capacidade de entendimento. 
E podia estar a referir-me a questões científicas, descobertas espantosas, ou a questões ligadas à arte, e tanto que eu não sei sobre todas as formas de arte, podia até estar a referir-me a história, e as falhas que tenho nesta matérias são colossais - e estaria a falar verdade. Mas, de facto, não é disso que estou a falar, estou a falar no género humano, nas suas estranhas reacções - e poderia falar nas situações mais banais: gente que parece que gosta de se destruir, gente que parece que gosta de destruir os laços com as pessoas que os rodeiam mesmo com aquelas que aparentemente estimam, gente que não consegue aproveitar bem o curto espaço de vida que tem à sua disposição, gente sem generosidade ou gentileza, sei lá, mas também nem é disso que estou a falar.
Estou a falar, sim, de pessoas que resolvem transformar a sua vida humana numa vida artificial, quase não-humana. Claro que aqui também poderia enunciar um leque variado de cromos, que os há para todos os gostos (e desgostos) -- mas vou antes falar de duas jovens que, se não têm pancada da valente, então sou eu que sou mesmo completamente limitada, intelectualmente destituída, nem sei.

Começo pela Mermaid Melissa que vive como uma sereia, e disso faz a sua vida. O vídeo abaixo mostra-a e, de facto, é impressionante.




Ela faz apelos a favor da preservação dos oceanos, das espécies, tem preocupações ambientais, etc, mas a verdade é que, depois de ver o seu site e ver os vídeos, fico com aquela sensação estranha de assistir a toda a espécie de demonstrações de uma jovem que quase parece ter interiorizado que é uma sereia de verdade, como se as sereias tivessem mesmo existido e como se ela fosse uma delas, uma que, vá lá saber-se porquê, tivesse escapado e por aí andasse, pelos tanques, aquários, praias e mares, dando ao rabo.




Outra que talvez seja ainda mais estranha é a ucraniana Valeria Lukyanova que meteu na cabeça que é a Barbie humana. 




Tem implantes  -- e só os implantes devem pesar tanto como o resto do corpo -- e sabe-se lá onde mais ela mexeu para ficar com um corpo típico das barbies, aqueles corpos que incomodam de tão irreais e perfeitos, e maquilha-se para ficar com cara de boneca, com aqueles olhos grandes e inexpressivos. Alimenta-se de líquidos e até chegou a dizer que ia experimentar alimentar-se apenas de ar e de luz. Mas deve ter desistido pois parece que ainda está viva. Vive de ser modelo e, do que percebi, de fazer 'presenças'. Estranhíssima - digo eu mas, lá está, há muita gente que acha o contrário e quem sou eu para me achar melhor ou mais esperta que os outros?



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Só penso é no que, depois de tanta fantasia, farão estas raparigas um dia que sejam mais velhas. Enfim.

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Já agora, e passando para um mundo mais à medida do meu entendimento - a propósito de ignorâncias, do mundo pequeno e de um auto-retrato que tomara eu:

Manoel de Barros por ele próprio




Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço
      coisas inúteis.

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quinta-feira, maio 28, 2015

Presente para oferecer a ciclistas, a políticos que se põem a jeito para ser abalroados, e a outra gente que se coloca em posições vulneráveis --> Testículos luminosos


Meus Caros, estou aqui com um problema técnico: tomei um comprimido para relaxar os músculos a ver se evitava um torcicolo que se estava a formar e fez-me um efeito tão imediato e tão disparatado que estou completamente a dormir. Desde que aqui me sentei já acordei várias vezes o que significa que tive foi sorte por não ter caído da cadeira.

Por isso, isto hoje vai ser curto e só não digo curto e grosso porque, dado o assunto que é, tenho que ter cuidado com as traições da língua portuguesa.

A coisa conta-se rapidamente. Li sobre uma invenção prodigiosa: um pequeno saco em forma testicular que se pendura na parte de trás do banco da bicicleta e que, se accionado, se ilumina e que, enquanto o ciclista vai a andar, balança e chama a atenção para os que, se pouco atentos ou cuidadosos, lhes poderiam dar uma traulitada.




Transcrevo o texto do Bored Panda que explica:

Most people fall into two categories: the “Ball-Haters” and the “Ball-Lovers”. We’re Heather and Scott, a pair of introverted industrial designers and the founders of Bike Balls.
If you aren’t familiar with Bike Balls, they are essentially a rear bike light that you mount to the bottom of your seat that looks like a pair of bobbing, glowing testicles. We launched on Kickstarter two weeks ago and surpassed our goal in just three days. In the past two weeks of our campaign, many people have told us that our product is “nasty” and “offensive”. While we (obviously) had some inclination of the crudeness of our bicycle light before we released the project, we decided to launch Bike Balls anyway – and here’s why.
Our tagline is “it takes grit, wit, and balls to ride, so show em’ what you got” – we believe in this and want cyclists to gain better visibility, while bringing a bit of humour to the commute, and diffusing any road tension between disgruntled drivers who don’t like to share the road. We’re encouraging cyclists to feel more confident, people will notice you and your glowing Bike Balls, and you will be safer because they see you!



Ora eu, que sou claramente uma pacifista, estou mais do lado dos Ball-Lovers e, portanto, tanto os love que até estou a ver que seriam úteis para algumas pessoas nossas conhecidas e que não são propriamente ciclistas (pelo menos que eu saiba), nomeadamente,

- Para o Ferro Rodrigues quando há debates a sério na AR. Se os pendurasse no cinto, à frente, para mostrar maior auto-confiança - talvez os adversários sejam mais meiguinhos e talvez ele se saia melhor


- Para o Lombinha dos Briefings para ver se, da próxima vez que tiver uma ideia brilhante, aparece mais auto-confiante e não já com aquela carinha aflita de quem sabe que não tarda nada vai desatar a levar pontapés de toda a gente

- Para o Maçães das polacas, vulgo o Alemão, para que, da próxima vez que saia à cena, apareça ainda com mais cara de campeão, uma fera, um tubarão, uma verdadeira merkel que leva tudo à frente, checospolacas, esquerdistas, tudo e, tão vencedor se apresente, que já não seja gozado até à 5ª casa

- Para o Carlos Costa, para os próximos anos, caso se mantenha mesmo pespegado no BdP: tantas faz que é melhor que nunca os tire e até que arranje mais um conjunto para pendurar na testa pois, por tudo o que faz e diz, parece mesmo que está sempre a pedi-las.


- Para a Teresa Leal Coelho, pode usá-los como arrecadas, uns big brincos saltitões, para chamar ainda mais a atenção sobre si e para tornar a sua conversa ainda mais gráfica. Temo bem é que não tenham o efeito pretendido e que o Fernando Negrão se torne um verdadeiro ball-hater e parta mesmo para a violência física.


- Para o Rei das Cagarras, a ver se da próxima vez que der à luz um prefácio de roteiro não lhe caiem todos em cima a perguntar: 'Mas que raio é isto...? Outra vez...?' podendo magoar aquela alma bpnenemente sensível.

- etc (não recomendo para o trio-maravilha láparo-irrevogável-pinokia, porque esses acho que não merecem mimos de espécie alguma).


A coisa é fácil de montar, seja na bicicleta, seja num cinto, quer à frente, quer atrás, quer numa fita de cabelo para ficarem pendurados sobre a testa ou até, quiçá, na gravata, para que fiquem pendurados ao peito. É uma questão de experimentar. Mas com jeitinho, com mãozinhas cuidadosas.




E são resistentes à água o que dá sempre jeito já que se alguém atirar um copo de água à cara de algum dos artistas supra citados - vamos dizer num suponhamos, à cara do Carlos Costa, coitado - os testículos manter-se-ão a funcionar na perfeição.




Além disso, dada a utilidade indiscutível que tem, não parece ser caro. $20 expedidos até à porta de cada um.

Ou seja, um presente útil, relativamente em conta, e que fará um sucesso. Mais informação no site Stickstarter - um negócio que me parece francamente promissor.

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E pronto, por aqui me fico, Ao divulgar esta útil invenção considero que o Um Jeito Manso cumpriu mais umas das suas missões humanitárias. Com as Bike Balls muita dorzinha e muitos danos colaterais podem ser evitados.

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E, com vossa licença, acho que agora vou de gatas até à cama. O torcicolo já desapareceu mas eu estou completamente a dormir.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira. 
Gentileza para com o próximo é o que hoje vos desejo.

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quarta-feira, maio 27, 2015

Pode uma mulher inexistente fazer alguém feliz?


I'll always stand and wait for you at night,
We will create a world for two,
I'll wait for you the whole night through



Uma vez mais aqui, uma das minhas canções preferidas: Lili Marleen.

Transcrevo o que já antes aqui escrevi:

"Lili Marleen" é uma canção alemã, que teve a primeira gravação em 1939, interpretada por Lale Andersen (1905-1972) e que se tornou popular durante a 2ª Guerra Mundial. A letra foi escrita em 1915, durante a 1ª Guerra Mundial, e a música apenas em 1938.

Depois da ocupação de Belgrado em 1941, a Rádio Belgrado passou esta canção, que quase não era conhecida, e, por não terem muito mais músicas para passar, Lili Marleen passava frequentemente.

Goebbels, na altura Ministro da Propaganda Nazi, proibiu-a mas a rádio recebeu tantas cartas pedindo que a passassem de novo, que Goebbels, ainda que com relutância, acedeu, mandando que fosse colocada no fim da emissão, perto das 10 da noite.

A popularidade da canção aumentou rapidamente quer entre os Aliados quer entre os Nazis que se habituaram a que, houvesse o que houvesse, às 10 da noite, Lili Marleen apareceria para lhes fazer companhia, trazendo-lhes doçura e nostalgia. 

Dos dois lados da guerra, às 10 horas, os soldados aquietavam os corações para ouvir a balada que os fazia sonhar com o regresso, alguns fantasiando que, com a paz, viria a possibilidade de irem procurar a Lili Marleen.



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E, enquanto sonhavam, aqueles homens esqueciam a guerra, o sofrimento, as saudades, e sentiam-se felizes, sentiam-se amados, sentiam que algures uma mulher esperava por eles, que um dia essa mulher lhes sussurraria palavras de amor junto ao coração. E esse pensamento enchia-os de uma inexplicável ternura.



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Já agora, para quem não viu o magnífico filme de Rainer Werner Fassbinder com Hanna Schygulla, aqui deixo um vídeo.



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Sobre o azul navy para a hot saison, queiram, por favor, descer até ao post seguinte.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um dia muito, muito, muito feliz.

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Azul que te quero azul


O azul, em especial o azul marinho, é a cor a ter este verão. E, se não for o azulão marinho, também pode ser azul profundo, azul céu ou mesmo azul quase turquesa. Claro que o branco também, o branco sobre uma pele bronzeada fica sempre bem. Mesmo eu que nunca na vida me consegui pôr castanha - mesmo depois de uma temporada na praia o mais que fico é com um tom levemente pêssego - gosto de me ver de branco no verão.

Mas o azul irreverente é o que este verão que aí está a anunciar-se há que tempos está a pedir. Sempre combinado com o branco, claro. Por exemplo, se a blusa é azulão, a saia ou as calças deverão ser brancas. 

Exemplifico:

A começar na maquilhagem: não é Yves Klein,
é simplesmente a cor para contornar os olhos: Eyeliner em Electric Volt

Sandália que faz uma pessoa parecer crescida sem se notar que há ali uma plataforma alta,
já que metade da altura é transparente.


Fato de banho assimétrico em tons de azulão e que ajusta a silhueta

Blusa para um dia mais fresco e que ficará lindamente para uma saída ao fim do dia
com calças brancas, justas ou largas.

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Já agora, para que interiorizemos bem o espírito da coisa:

In the navy 


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terça-feira, maio 26, 2015

Se Portugal for governado mais uns quantos anos pelo trio maravilha Passos + Portas + Maria Luís com a ajuda de uns quantos eficientes e extraordinários governantes de gabarito idêntico aos maravilhosos actuais, talvez nos tornemos no País-Maravilha que os cartazes abaixo tão bem retratam. [Foge...!]


No post abaixo já falei de Frida, essa surpreendente e corajosa mulher que viveu uma vida cheia de dor e de amor e, mais abaixo ainda, já vos mostrei um voo e uma aterragem com imagens lindas de viver (ia dizer lindas de morrer mas preferi dizer assim, lindas de viver).

Mas isso foi lá em baixo, em que falei de coisas a sério. Aqui, agora, a conversa é outra.


Cantando e rindo, alegrinhos e destituidozinhos como o laparoso e o vice-irrevogável gostariam de ter o seu dócil povo, cá vamos nós.




Hope there's someone, live

There's a ghost on the horizon
When I go to bed
How can I fall asleep tonight
How will I rest my head


De cada vez que vejo alguma reportagem que meta qualquer dos três do trio maravilha que desgoverna este meu pobre País fico doente: ou dizem banalidades disfarçadas de verdade científica, ou manipulam informação, ou mentem descaradamente, ou mostram uma doentia falta de vergonha, ou encenam rábulas do mais pindérico e infantil que há. Nunca dali ouvi coisa que se aproveitasse. 

Felizmente e até agora (e já bati três vezes na madeira), não sofri na pele as desgraças que tantos sofreram com a devastação que esta gente tem levado a cabo de forma sistemática e estúpida. 
Vi o meu rendimento reduzido por via da brutal carga de impostos mas tenho trabalho, os meus mais próximos (com uma excepção) têm trabalho, os meus filhos não se viram forçados a emigrar, etc., pelo que, no meu disto tudo, ainda me considero uma felizarda.
Mas, apesar disso, sofro por todos quantos vêem os filhos partir - e ainda este fim-de-semana recebi um mail de um Leitor dando-me conta da ida para fora do segundo filho e fiquei mesmo com pena -, sofro por todos quantos não encontram emprego e ficam em casa sem dinheiro, sem auto-estima, sem esperança, por todos quantos têm os pais idosos e doentes a seu cargo com pouco dinheiro para fazer face a tantas despesas, por todos quantos andam de emprego precário em emprego precário sentindo-se humilhados e sem ânimo para construir uma vida com futuro. 

E é por todos esses que luto e lutarei com os fracos meios ao meu dispor para que esta gente seja derrotada nas próximas eleições, mas derrotados muito a sério, para que desapareçam da vida política, para que desamparem a loja, para que não nos apareçam por aí em cargos públicos ou em lugares em que possam continuar a fazer estragos.

Não me passa sequer pela cabeça que os portugueses sejam tão mansos, tão masoquistas e ceguinhos que lhes possam dar de novo o seu voto.

Mas caso ainda haja algum e esse algum esteja entre os meus Leitores, deixe que lhe diga:

O mundo imaginado pelo trio-maravilha, meu Caro Leitor admirador da actual coligação, é um mundo que já não existe, um mundo antigo e parvo, um mundo sem piegas, sem zonas de conforto, onde proliferariam uns quantos tão engenhosos como o ídolo de Passos Coelho, o extraordinário Dias Loureiro, onde os trabalhadores ganhariam ainda menos do que agora ganham, teriam menos direitos, e onde os reformados ganhariam muito menos do que hoje ganham. um mundo estupidamente ridículo e miserável. 

Esse mundo, o mundo que o trio-maravilha idealiza e gostaria de perpetuar, é um mundo de gente dócil e formatada para ser explorada, um mundo de gente bronca e acéfala à imagem da elite que então nos desgovernaria. Um mundo em que a elite não passaria de um grupelho de meros testas de ferro a soldo de chineses, angolanos, colombianos, brasileiros cujos dinheiros teriam origens obscuras que ninguém questionaria. Uma desgraça, uma vergonha.


E para ilustrar o admirável mundo novo desejado para Portugal pelo Láparo, pelo grande artista Portas e pela Pinókia Albuquerka, nada como a coligação fazer uns cartazes idênticos aos que usei para ilustrar o post, cujas fotografias são da autoria de Romain Mader com a colaboração de Nadja Kilchhofer (série Aliona).
Ficávamos esclarecidos e, por uma vez na vida, seriam intelectualmente honestos.


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Relembro que, descendo até ao post a seguir, poderão ver Frida Kahlo, uma mulher única, e mais abaixo, poderão ver imagens lindas tal como um piloto as viu ao aterrar num sítio maravilhoso.

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Happy little moments - Maori sakai

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira, cheia de bons instantes. 
Sejam felizes (e, por favor, justos e exigentes)

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