quarta-feira, fevereiro 18, 2015

A ilustre Praia de Moledo - [4º de 4 percursos no Minho]


Por estas alturas gosto de procurar as frias praias do norte. Noutros tempos teria ido para o País Basco, para os Picos da Europa, Biarritz, por exemplo. 

Agora não. Desde há algum tempo acho que é heresia ir gastar dinheiro para fora do país quando Portugal é uma maravilha e eu tenho tanto ainda por descobrir; para além disso, o país precisa tanto de ver a sua economia dinamizada que o que de melhor fazemos por ele é não irmos consumir para fora. 

Portanto, Moledo. A Praia de Moledo - a que Durão Barroso tem dado mau nome* - é uma das belas praias do norte. Hoje o dia estava límpido e frio. Ia com esperança de encontrar uma névoa gelada porque prefiro aquela praia envolta numa neblina branca a cheirar a maresia, mas não tive essa sorte. Céu limpo, uma ou outra nuvem alta, e, excepto quando o vento soprava gelado, até se estava bem ao sol.

As gaivotas pareciam crianças a brincar ao sol. A praia deserta salvo dois ou três pescadores de linha.






GNR & Isabel Silvestre - Pronúncia Do Norte



Praia do Moledo


Fizemos uma longa caminhada à beira de água, na areia molhada. Na fotografia não se vê mas encontrei vários troncos ou árvores inteiras, descarnadas, algumas com as fortes raízes ainda inteiras. Olha-se e custa imaginar com árvores daquele porte foram arrancadas e arrastadas rio abaixo até virem dar à costa aqui, corpos sem vida.

Sei que nem todos tiveram feriado esta terça-feira e sei que o combustível está caro; mas porque é que lugares tão belos, tão bons, têm sempre tão pouca gente? Eu sei que quem para aqui vem não gosta de avalanches, misturas. Nas esplanadas vêem-se vários exemplares da alta burguesia do país, em especial do norte. No parque, para além de outros, modernos de alta cilindragem, destacavam-se um Jaguar antigo, vintage, e um Rolls. Fotografei de lado mas reparei agora que se vê uma das matrículas e acho que não devo mostrar aqui.

As moradias que circundam a praia são bonitas, sóbrias, de bom gosto. Não se encontra por aqui a ostentação tão comum noutras zonas balneares.

No entanto, acho que seria possível estimular um turismo de qualidade sem prejudicar o recato do lugar. 


Forte da Ínsua


Quando andava a passear pelas ruas, cruzei-me com um homem de certa idade, sobretudo azul escuro largo e comprido, cachecol em azul escuro e cinzento escuro, chapéu de feltro, bengala numa das mãos. Caminhava devagar, absorto nos seus pensamentos. Pensei que podia ser António Sousa Homem. Mas não sei se ainda vive, há algum tempo que não sei dele. Talvez o seu criador o tenha sequestrado, exilado, sei lá.




Estamos do outro lado de Espanha, muito perto. Vamos para Valença, passando por Caminha. O rio é uma presença purificadora. Parece tranquilo. Parece trazer serenidade a estas terras que, vinda eu de onde a vida se vive a correr, quase me parecem paradas no tempo, felizes e inocentes.



O nosso destino é agora o Monte Faro.

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* Fernando Ribeiro, sempre atento, alerta-me em comentário abaixo que não deixe eu a praia deslustrada referindo apenas quem lhe dá mau nome: que António Victorino de Almeida por lá tem casa e por lá se abanca parte do ano, considerando-se já meio minhoto. Aqui fica, pois, feito o reparo e aqui deixo o meu agradecimento ao Fernando Ribeiro.

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2 comentários:

  1. A praia de Moledo ("de" e não "do") foi sempre a praia de banhos (como antigamente se dizia) da aristocracia e da alta burguesia do Minho. Ainda é assim nestes tempos de austeridade (que o não são para todos).

    Acho estranho que faça referência ao solícito lacaio que "presidiu" à Comissão Europeia, e não cite o nome de António Victorino de Almeida, que tem casa de praia em Moledo há décadas e é visto muito frequentemente por lá, tanto que pode ser considerado tão minhoto como alfacinha.

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  2. Olá Fernando Ribeiro,

    A minha mãe ontem, por telefone, dizia-me que não era só o alforreca Durão, era também um do PS e tentou lembrar-se do nome mas não conseguiu. Do António Victorino de Almeida não sabia mas a ver se já reparo a falta.

    Obrigada, Fernando!

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