terça-feira, dezembro 09, 2014

A casa do meu filho: de velha e a cair de podre passou a nova, luminosa, acolhedora. Devidamente autorizada, convido-vos a darem uma espreitadela.


No post abaixo transcrevi um excerto de um livro que acabei de ler durante a semana passada e que muito vivamente recomendo. Trata-se de O grande rebanho de Jean Giono, o mesmo autor de O homem que plantava árvores.

Tantos livros que se escrevem sobre coisa nenhuma, com historietas fúteis, com palavras vulgares e, depois, pega a gente num livro assim e fica presa à magia da arte de escrever. Que seja também técnica ou, então, que seja um misto de arte, magia e técnica, eu isso não sei. Só sei que gostei muito.

Mais abaixo ainda, mostrei um presente que um Leitor me deixou num esconderijo e que eu não descansei enquanto não fui lá resgatá-lo. Partilhei convosco a alegria de ter Leitores assim e o quanto me sinto agradecida.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.


Mas, se concordarem, vamos com música que, com música destas, vamos ainda melhor



Tinha-vos falado ontem de como temos andado a ajudar o meu filho na montagem de móveis e candeeiros e, na medida do possível, em algumas arrumações ou, então, a tomar conta dos pimentinhas enquanto outros se ocupam das tarefas pesadas associadas à árdua tarefa que é sempre uma mudança de casa. Contei também que, não apenas eu tenho andado descadeirada por causa da queda de que vos falei há uma semana - e que me tem impedido de ser verdadeiramente útil - como a máquina fotográfica tem andado, por simpatia, também esparvoada.

Pois bem, deve ter-se envergonhado com o que ontem eu disse pois esta segunda feira fiz várias fotografias e a bateria ainda não descarregou. É temperamental como a dona, é o que é.

Por isso, com a devida autorização, mostro algumas imagens da casa que - quem a viu e quem a vê...! - está agora tão linda, tão acolhedora, tão adorada pelos meninos. Há ali muito trabalho de todos, em especial dos donos da casa que há meses lá trabalham incansavelmente ao fim de semana, fins de dias e sempre que lhes sobrava algum minuto livre. E há também muito espírito de entre-ajuda entre a família e amigos que não se têm poupado a esforços para os apoiar sempre que se ouve o toca a trabalhar.

Estou, por isso, muito feliz por eles e tanto mais feliz por ver como o meu filho, apesar de tão cansado, anda tão realizado por ter uma casa como sempre sonhou. A eles desejo toda a sorte e felicidade do mundo e que a casa acolha sempre os seus momentos de alegria e partilha e os seus sonhos.

Para que a mudança ficasse mais barata, contrataram apenas o desmontar na casa anterior e o transporte, ficando a montagem por conta dos próprios. Esta segunda-feira esteve a montar-se o roupeiro do closet do quarto principal, o roupeiro do quarto de vestir e brincar dos meninos e o grande móvel de canto que é, ele próprio, um escritório - ou seja, trabalho pesado e demorado.

Depois de tudo isto montado, as roupas puderam começar a sair dos sacos e, aos poucos, a casa vai ficando mais organizada. Ainda há ali muito trabalho, muita coisa para retirar de sacos, mas vai aos poucos, o essencial já começa a ir ao sítio.

Mas deixem então que vos mostre. Começo pelo que ontem referi: as carpetes de Arraiolos feitas por mim e que agora habitam esta casa tão bonita.


No que será a Sala de Jantar,
Tapete de Arraiolos (+- 1,70 x 2,5 m) que segue um modelo que se pensa ser do Século XVIII

e cujo original se encontra no Palácio de Queluz

(as cadeiras ainda não tinham as almofadas montadas e, como se vê, ainda há caixas com coisas por desempacotar)

No primeiro dos compartimentos do que será a Sala de Estar do rés-do-chão,

Tapete de Arraiolos sensivelmente da mesma dimensão do anterior
e que segue o modelo de um pertencente
ao Museu da Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva


A minha menina mais linda a fazer desenhos no chão, no meio da confusão,
enquanto os primos não chegavam, enquanto o resto da família montava o grande móvel de canto e o irmão dormia a sesta

Entretanto chegaram.
O ex-bebé chegou a dormir e foi depositado na cadeira da sala tapado pelo inseparável poncho da minha filha, feito em crochet pela minha mãe.
Claro está que apenas se aguentou ali durante dois minutos, se tanto.

Mas eis que a marotinha resolveu ir acordar o maninho (como ela lhe chama - apesar das dentadas que ele lhe dá) e não houve quem a tirasse de lá

(A fotografia está com pouca definição porque o quarto estava praticamente às escuras)

E, quando toca a confusão, aí estão os quatro pimentinhas em acção: os primos mal se aperceberam, vieram a correr, saltaram para dentro da cama, ela seguiu-lhes o exemplo e o bebé acordou a rir, todo divertido, no meio do maior tumulto.

Finalmente, lá sossegaram: foram buscar brinquedos ao quarto do lado,
 trouxeram-nos para a Saleta da Televisão que está no piso de cima, onde estão os quartos, 
e ali lancharam e brincaram até ao fim do dia.
E até consegui que o mais crescido recitasse um poema com várias estrofes, em inglês, com sotaque e entoação. 
No fim, houve palmas e aclamação mas, hélas, não deu direito a um encore


Mas, então, deixem que vos mostre alguns outros recantos mais da casa.

Nesga de uma das Casas de Banho onde, tal como nas outras, foi preservado o lindo chão em mosaico hidráulico

Um dos lados da Cozinha onde também foi preservado o mosaico do chão tal como a chaminé original.
Foi retirada parte da parede lateral da chaminé para fazer a continuidade da bancada com o fogão.

A cozinha dá para a varanda que pega com o terraço e do qual partem as escadas para o jardim

O compartimento do meio da Sala de Estar, onde está parte dos livros.
Reparem no grande pé direito da casa e na janela por cima das portas (bandeira, será?)


Estante antiga 
(a porta é uma persiana de madeira que sobe até ao topo do móvel e fecha com trinco e chave)
no terceiro compartimento da Sala de Estar, no que dá para o terraço que, por sua vez, dá para o jardim

Mesa e cadeiras para jogos de tabuleiro ou lanche na mesma zona da Sala cuja porta abre para o terraço. É o mesmo compartimento de cima, onde está a estante da persiana de madeira 


As portas e portadas também foram muito bem restauradas e outras feitas de novo, iguais às originais. E os vidros são duplos, para permitirem conforto térmico.

Ainda há muitos livros por arrumar porque ainda falta montar outra estante alta. E ainda faltam vários candeeiros, e falta colocar cortinas, quadros, espelhos, bibelots, coisas miúdas, e falta restaurar um cadeirão de madeira que estava esquecido na cave, imundo tal como estava tudo, e que deve vir a ficar bem bonito, e também uma arca daquelas antigas com ferragens. Mas, apesar de ainda faltar tanta coisa, já está a ganhar jeito e já dá para perceber que é mesmo uma casa muito bonita e acolhedora.

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E pronto, é isto. Hoje já escrevi mais do que sei lá o quê, imagino a seca que vocês, meus Caros Leitores, apanham nestes dias.

Fico-me, pois, por aqui até porque esta terça-feira é dia de trabalho.

A música lá em cima é Sonia Wieder Atherton interpretando Little Girl Blue de Nina Simone,

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Relembro: descendo até ao post seguinte, poderão ler um pouco de um livro cuja leitura me prendeu: O Grande Rebanho. Mais abaixo ainda, poderão ver o meu primeiro presente de Natal, um presente muito especial.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta terça-feira 
(estou um dia atrasada, eu sei, mas enfim, segunda foi feriado...)

...

5 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Minha amiga desejo muito que já
se encontre bem melhor.
Muito obrigada por partilhar a
casa recuperada de sua filha.
Gostei muito.
Que tenham muita saúde para a
partilhar ao longo de muitos e
muitos anos é aquilo que eu lhes
desejo e também à amiga e seu marido.
Bjs.
Irene Alves

Humberto disse...

Caríssima UJM
O seu filho está de parabéns e, claro, também a mãe pelos Magistrais Tapetes de Arraiolos e não só.
Está tudo Fabuloso !!! Os maravilhosos mosaicos do chão da cozinha e da casa de banho que foram preservados, o que foi uma ideia magistral, a mesa branca e o Tapete de Arraiolos na casa de jantar a contrastar com as cadeiras ( mesmo sem as almofadas ) escuras, o chão de madeira mais escura… Quando estiver tudo arrumado irá ficar uma maravilha, uma casa feliz.
Desejo que a desfrutem por muitos anos com saúde, paz, tranquilidade e harmonia.
Mais uma vez muitos parabéns e um abraço
H.Barbosa

Pôr do Sol disse...

Boa noite Jeitinho,

Adoro casas antigas e então quando são recuperadas com gosto ainda mais.
Os meus sinceros parabens.
A todos pelo esforço, aos donos da casa pelo bom gosto em manter a origem e a si pelos magnificos Arraiolos que contribuirão em grande para o conforto e beleza dos espaços.
Depreende-se que ficará uma bonita casa, original e com alma.
Desejo que a vivam com muita saude, amor e paz.

Um Jeito Manso disse...

A Todos,

Em nome do jovem casal agradeço as vossas palavras. E junto-me a vocês: uma vez mais, para eles tudo de bom.

Obrigada.

FIRME disse...

Boa noite...Daqui vão votos de bons ventos ,que soprem a vosso favor...Quem me dera ver todo este POVO desanimado,reconstruir o passado,para os seus pimentinhas também...BORA LÁ ZÉ POVO ! SÓ COMEÇANDO UMA OBRA ..SE CONSEGUE ACABAR ! Este seu exemplo ,que aqui põe ,TEM DE SER UM ..BORA PÁ ! Sei que não é fácil...Pelo menos vamos tentar...