Não gosto de tiradas a 'armar' mas, porque é o que me ocorre depois de dar uma vista de olhos pelos jornais online, apetece-me começar este post assim: a poluição política e social começa a ser insuportável. A moral, a ética, a honorabilidade, o sentido de dever, a verdade, a generosidade, a solidariedade - tudo valores que a baixa política, de tão baixa que é, vai corroendo. Sobra uma lassidão, uma vontade de desistir, uma sensação de descrença, de desesperança, de inutilidade.
Sinto isso à minha volta, nos que me rodeiam, no medo que vai tomando conta das pessoas, na angústia que se apodera de nós quando o desemprego começa a bater à porta dos que nos são muito próximos. Muita desgraça por motivo nenhum, apenas por ignorância, incompetência e - começo finalmente a acreditar - por má fé.
Há nos que, perplexos, assistem a isto uma revolta que não encontra forma útil de se manifestar. Um lodo infecto que vai cobrindo as vontades, impedindo-as de se manifestarem.
Contei-vos, no post abaixo, a minha incredulidade perante mais uma nomeação para o desgoverno inqualificável de Paulo Portas e Passos Coelho, esses dois desavergonhados que tomaram conta do País. Vivemos o tempo do amadorismo, do oportunismo, da gente sem cabeça, sem coração, sem alma: corpos vazios, instrumentos, marionetas.
Mas a verdade é que eu não sou de carpir. Mesmo quando, como agora, não vejo como haveremos de travar a insanidade reinante, a gestão danosa, os crimes de lesa pátria, não me dá para o desânimo.
Em alturas assim, apetece-me subir para uma rocha no cimo de uma escarpa, atirar-me e voar. Ou perder-me num jardim sem regras, feito de árvores, rios, flores e palavras. Ou mergulhar num mar profundo, quase verde de tão fresco e tão fundo.
Ou aninhar-me nos braços do meu amor.
Ou dançar.
- O bailado chama-se Ongotô e é interpretado pela companhia de dança contemporânea brasileira Grupo Corpo
- A coreografia é de Rodrigo Pederneiras
- A música é de Caetano Veloso e José Miguel Wisnik
- A cenografia e iluminação são de Paulo Pederneiras e os figurinos de Freusa Zechmeister
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E com isto me despeço por agora, desejando-vos, meus Caros leitores, um sábado em grande!
eu sei que ninguém gosta de violência, mas estamos aqui,talvez porque nunca tivemos uma guerra civil, e não passou para a posteridade,de Pai para Filho o que o ser humano pode fazer quando chega a um limite (aprendem em manuais sobre outras guerras), não é uma tradição oral, sentida na 1.ª pessoa. O medo é fundamental para a sobrevivência, pois coloca-nos em alerta, e no caso de uma sociedade a respeitar o limite do outro, a sua liberdade e espaço.Penso que os nosso políticos, não têm medo,e enquanto não acontecer nada que os faça temer pela vida deles ou dos seus, isto não vai mudar, vai piorar, cada um vai-se bater para estar na sua zona de segurança, e não vai ter problema nenhum de fazer o que for preciso para aí ficar. Eles estão a criar um estado policial,que não vai ser desmantelado, quando outra força política lá chegar, pois pode dar jeito.a policia de choque parece robocops, armadilhados até os dentes.Porquê, se eles dizem que somos um povo pacífico.
ResponderEliminarrecentemente mudei de casa para apartamento, e tenho dois cães pequenos,(invejo o seu quintal , pois se o tivesse não precisava de ter que passea-los 3 vezes ao dia).Como não estavam habituados a outros cães, atiravam-se a todos, nem que fossem 5 vezes maiores.Fui escolhendo, alguns em função do tamanho para não aleijar muito os meus, e deixava-os apanhar.Ganharam o que não tinham (medo na dose certa), agora passam por outros quietinhos.
ResponderEliminareu disse "quintal", não leve a mal é uma expressão do Norte, o dom da palavra não é o meu forte, talvez por isso goste de a ler
ResponderEliminarHá quem dance conforme a música. Sei que não é o caso da autora do blogue, por isso creio que faz muito bem em dançar.
ResponderEliminar:-)
Na verdade, Passos e Portas, sem pejo, não só tomaram conta do país, como se preparam para acabar com o que resta.
ResponderEliminarBem precisamos de um intervalo, em face da tal inclemência política que se vem abatendo sobre todos nós!
Aqui há uns tempos, relatei um episódio, real, de um tal “Dr. Francelin” (ou "Franchelin", na sua pronúncia natal), humilde político da nossa praça e da sua assessora, a menina Idalina. Como relatava então, a menina Idalina, entretanto, à época do tal episódio já mais crecidita e menos menina, por necessidades fisiológicas teve de ir, como ela explicou na sua simplicidade rústica, “pôr a piegas a chorar”.
Vejo agora que o dito “Franchelin” foi reconduzido. Temia o dito que, por qualquer azar dos cabrais (ou “ões”), tal não viesse a suceder. Uma mosca que costuma andar a esvoaçar ali por perto dos seus gabinetes (um dia ainda se trama e lá vai mata-moscas, para não ter de andar a voar onde não deve) “confidenciou-me” que se viveram momentos de grande angústia, antes daquela recondução:
“Amor, achas que o Massamá te reconduz? É que ouvi outros nomes! E que será de mim, depois? Volto para a terra? E tu regressas á A.R?” . O Dr. Francelin, com aquele sotaque beirão, que o tornou famoso, procurou sossegá-la: “Dilinha, não te preocupeches, eu tenho tudo chobre contrôle. O homem, vai reconduchir-me. Vaiche ver, querida. E depois reconduchu-te eu a ti outra veche. Confia em mim, Idalinita (agora mais ternurento, depois de tantos anos de assessoria em conjunto)”. E assim veio a suceder. Lá está a fotografia do Dr. Francelin (agora preocupadíssimo com a eventualidade de um jornal qualquer ainda vir a investigar-lhe, tal como sucedeu com o Relvas, os seus “créditos” na Universidade em que se “lichenchiou”). E a Dona Idalina, também continua no seu gabinete. Até ver. “Idalina, temoche que estar chempre preparados para uma nova birra do Portas, porque che volta a acontecher, lá vamos ambos à vida, pois Belém manda o governo à malvaches!” – susurrou, docemente e feliz, o Dr. Francelin, ao ouvido da sua colaboradora das boas e más horas.
P.Rufino