terça-feira, maio 28, 2013

Isto poderia ser uma Carta Aberta ao Henrique Monteiro se fosse provável que ele a lesse. Como acho improvável, é uma Carta Aberta a todos os que ainda não perceberam o que o (des)governo de Passos Coelho está a fazer a Portugal. Pensam que não há alternativa à austeridade. HÁ! HÁ ALTERNATIVA!!!!


Palavra que me apetece desligar durante uns tempos. Já me falta a paciência para ver tanta falta de coerência, tanta demagogia, tanta impreparação e incompetência - mas ainda me falta mais para andar aqui a pregar contra isso. No entanto, também me custa fazer de conta que não vejo o que vejo. Por isso, mesmo que já ninguém leia estas minhas investidas, volto à carga.
  • Paul Krugman, prémio Nobel da Economia, escreve alto e bom som que alguém tem que pôr fim ao pesadelo português, a esta sistemática e devastadora destruição da economia. 
  • O BEI (Banco Europeu de Investimentos) acusa a Comissão Europeia de bloquear fundos destinados ao financiamento de pequenas e médias empresas portuguesas e.... pasme-se: a Comissão Europeia acusa o BEI da mesma coisa. Inadmissível. Uns empata-fxxxx que não fazem nem deixam fazer e que se entretêm a acusar-se uns aos outros. 
  • Lá dizia a Merkel (que também deve ser esquizofrénica) que Durão Barroso é um incompetente que está a destruir Portugal com tanta austeridade em vez de desbloquear verbas disponíveis para estimular a economia. 
  • Pois bem. E, enquanto isso, o que fazem os alunos marrões da treta que nos (des)governam? Batem-se para que essas verbas sejam desbloqueadas? Usam os argumentos do Prémio Nobel e de todos os economistas que explicam à saciedade que a rota a seguir é outra que não esta? Não. Não fazem nada. Nada!

E porque venho agora com isto? Não apenas porque me revolto por ver o meu País a ser destruído, como me parece que há ainda muita gente que não acredita que HÁ ALTERNATIVA!!!!

HÁ! HÁ ALTERNATIVA!!!!!



Henrique Monteiro anda muito equivocado nas análises que anda a fazer.
Devia receber algumas explicações  de matemática


Um dos que todos os dias escreve crónicas em que revela que ainda não percebeu o que está a acontecer é o Henrique Monteiro. Até me dói, tanto o desconhecimento e o enviesamento de raciocínio. Escreve ele que as pessoas acomodadas querem viver bem em vez de abdicarem dos seus direitos, que deviam perceber que o dinheiro não chega para tudo, que é preciso cortar. Diz ele que os acomodados se deveriam estar a preocupar é com os desfavorecidos e com os desempregados em vez de estarem a defender privilégios.

Tudo mal. Parece bem mas está mal. A conversa dele, tal como a dos que ainda defendem a estupidez que nos caíu em cima, é a conversa de quem não percebe de números e facilmente se deixa levar pela moral judaico-cristã, da culpa, da expiação da culpa, dos bons, dos maus.

Ora a questão é mais simples que isso: é aritmética. (Claro que também é moral. Mas fico-me pelo mais simples: pelas operações elementares).

Por exemplo, querer que não se despeçam funcionários públicos, querer que não se cortem os ordenados aos funcionários públicos não é querer manter privilégios: pelo contrário, é defender os desempregados e os mais desfavorecidos

Porquê?

Porque os funcionários públicos, enquanto trabalham, pagam impostos, têm dinheiro para comprar coisas. Se ficarem desempregados deixam de pagar impostos, passam a receber subsídio de desemprego (enquanto o receberem) o que desequilibra as contas públicas, deixam de poder fazer compras, haverá mais lojas e restaurantes a fechar, etc.

Ou seja, defender os mais desfavorecidos é, por exemplo, defender a existência de uma classe média sólida, com excedentes financeiros (excedentes que irão para bancos, que precisam de dinheiro para financiar a economia, ou para o consumo, que é necessário para também manter a economia de retalho)

Para pessoas que não têm facilidade com números, há coisas que não entram bem. Para essas, vou dar um exemplo.

Imaginem os meus amigos que têm uma horta de onde apanham batatas. Suponha que são duas pessoas na sua casa e que ambos trabalham na horta. Todos os dias têm 8 batatas, 4 para cada um. 

Suponha agora que um de vós parte uma perna e deixa de trabalhar na horta. O outro dificilmente dá conta de tudo e as batatas começam a escassear. Agora já são apenas 6 batatas, 3 para cada um.  Ao fim de algum tempo, cansado e fraco, o que trabalha começa a dar menos rendimento e já só há 4 batatas, 2 para cada um. O Henrique Monteiro ou o Passos Coelho, se fossem a vossa casa, diriam que há gente a mais para o número de batatas e que o que há a fazer é um dos dois deixar de comer batatas. 

Tempos depois, um de vós, porque já não come, e o outro porque é o único a trabalhar e já não tem muito para comer, já ficam os dois de cama e, ao fim de algum tempo, já só há 1 batata por dia. Até que já não há batata nenhuma e um já morreu e outro para lá caminha.

(Este exemplo é a fingir e bem longe da vossa casa... e façam o favor de bater três vezes na madeira. Bolas, devia alterar o exemplo, credo, que mau gosto o meu, foge...)

Mas enfim, relevem, por favor. Voltando ao estúpido exemplo: a opção foi a errada. A solução não era comerem menos batatas porque, quando se entra num caminho descendente, é difícil saber onde parar, porque a redução alimenta a redução. A solução seria arranjar quem fosse ajudar a produzir mais. Produzindo mais batatas, haveria o suficiente para todos e talvez até houvesse excedentes para vender.

Mas a opção errada foi a que se seguiu em Portugal - com a agravante de que, apesar de se constatar o descaminho que tudo está a levar, apesar de perceber o desastre, se persiste na rota.



Só espero que os burros não se venham queixar por estar a associá-los
aos incompetentes que estão a desgraçar Portugal


Um bando de burros achou que a solução para reduzir o défice e a dívida era secar a economia, retirar o dinheiro de circulação (reduzindo ordenados, aumentando impostos, etc). Resultado: aconteceu o oposto do que supostamente era pretendido.

A solução para Portugal passa pelo oposto disso, passa por resolver o problema estrutural, ou seja, a debilidade económica. O que há a fazer é injectar liquidez (esses mil milhões que estão travados em Bruxelas davam uma boa ajuda), investir, atrair investimento (estrangeiro, se necessário for), de preferência investimento produtivo, de preferência de elevado valor acrescentado, de preferência virado para a exportação, e, em simultâneo, desenvolver (de imediato) programas de desenvolvimento de proximidade como, por exemplo, programas de reabilitação urbana, e fazer creches, fazer lares, ou seja, investimento útil e espalhado pelo país para absorver mão de obra em todo o país e para mover a economia em todo o país. E apostar com muita força no ensino, na investigação, na formação profissional. E apostar com muita força no turismo, não apenas no turismo apoiado na geografia mas também na história e na cultura, em reabilitação de monumentos, de acessos a monumentos, na dinamização cultural envolvente. E fazer tudo isto de forma articulada. E fazer já!

E deixar de atirar com pessoas para o desemprego!!!!!

E, no Governo, deixarem de contratar assessores, adjuntos, consultores, gabinetes de advogados. E acabarem com tudo o que seja redundante (institutos, fundações, etc): tudo aquilo que diziam que iam fazer e não foram capazes. Mas, até isso é relativamente secundário. O importante é mesmo o que disse acima: pôr a economia a mexer. O essencial é retirar pessoas do desemprego (não apenas por razões humanas, mas também porque isso causa um buraco tremendo nas contas): pô-las a trabalhar pois não apenas pagam impostos como põem a economia a funcionar.

Ou seja, Caro Henrique Monteiro e Caros Todos que não atinam com números: onde há que mexer é na parcela de cima, é fazer crescer o 'bolo' a repartir e não na parcela subtractiva pois, mexendo nessa, acabar-se-á também por diminuir a parcela de cima e o resultado será pior - e imparavelmente pior.

Será que me fiz entender? Para mim, que sou dos números, isto é simples. Mas, para quem é das letras e avesso a números, se calhar é difícil.

E calo-me já.

Daqui a nada já volto.


3 comentários:

  1. Olá jeitinho,
    São uma cambada de mesquinhos, velhacos que querem ver toda a gente na miséria e no desespero. Parece uma enorme vingança.
    Não tem lógica nem razão de ser, parece que só querem fazer mal, humilhar, arrasar tudo e todos.
    Beijinho Ana

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  2. O Henrique Monteiro é fiel ao
    Balsemão...e o Balsemão pertence
    a um Clube (isto de Clubes Privados)
    em que a finalidade é causar o maior
    dos estragos a países democráticos...
    Portanto Henrique Monteiro - Ricardo
    Costa e até à Clara Ferreira Alves)
    estão todos "cegos" para um lado e
    de "olhos abertos abertos para o
    outro" - embora por vezes custa a
    crer.
    Bj.
    Irene Alves

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  3. Bom Post. Clarificador. Nem mais. Não acrescentarei nada ao que aqui diz. Concordo plenamente. Quanto ao Monteiro, é um cretino. Mas, pior ainda é o cabotino do outro Henrique. O “historiador” Raposo. Ilegível!
    Fez uma excelente defesa de gente gragilizada, os funcionários públicos. Os tais a quem o fisco arrasa nos salários, etc.
    No mundo privado, é como diz, muita das vezes. Pode fugir-se ao fisco mais facilmente. Conheço vários exemplos. De jovens (filho de amigos e de familiares) que “oficialmente” recebem um “x” , sem benesses e declaram menos e depois “lixam-se" quando estão no desemprego, recebendo em função do valor declarado, claro; de outros profissionais, de comercio, serviços, etc que “acordam”, ou preferem declarar menos e descontar menos para evitarem os descontos para o fisco, segurança social, etc. De firmas que vendem bens, outras serviços, que muita vez “negoceiam” não passar factura e assim não entregar ao fisco o IVA, o que convém, muita das vezes quer ao fornecedor, quer ao cliente; mas, também e pior, de gente – com massa, atenção – que “encerra” empresas e pouco depois recomeçam a antiga actividade (normalmente de cariz financeiro!), todavia, agora não declarando e não pagando o IRC e, em simultâneo, declarando importâncias salariais reduzidas (a exemplo, de certo modo, ao que já faziam). E, entretanto, colocando o “dinheiro limpo” a “salvo”, algures, em “lugares tranquilos e longe das vistas do fisco". Com toda a naturalidade. Outro dia, porque o personagem ainda se dava ao luxo de apoiar, veementente e entusiasticamente, esta política neo-liberal (com vivas ao “liberalismo” e ataques “à cambada” da função pública, sic), zanguei-me. E disse-lhe o que pensava dele, á frente de todos. E mandei-o pagar os impostos devidos, recordando-lhe que, se fosse nos EUA, por exemplo, estaria preso e sem alguns direitos cívicos por uns anos (sem direito a voto, por exemplo). A nossa Direita (ou, melhor, extrema-direita) é assim. Moralista, vigarista, fraudulenta, miserável, sem consciência social, uma porcaria de gente. Igual á que nos governa. Até ver.
    P.Rufino

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