Meus Caros, hoje estava cheia de boas intenções, juro. Queria falar-vos da situação na Grécia, da forma desastrosa como a Zona Euro está a ser gerida, queria partilhar convosco a opinião de Georges Soros, tudo assuntos prementes e actualíssimos.
Mas há pouco, enquanto jantava, vi o final do Jornal das 8 na TVI, conduzido pela Judite de Sousa. Enquanto falava e só lhe via a parte de cima do corpo, já pressenti que aquilo não augurava nada de bom. Já ontem tinha tido um arrepio quando a vi mas estava ainda sob o efeito da visão da D. Elma e relevei a D. Judite, até porque só a apanhei de relance, quando se levantou para encerrar as hostilidades. Mas agora, que reincidiu, tenho mesmo que puxar o assunto à colação. Ontem estava de mini-saia preta, meia preta, bota por cima do joelho e camisa reluzente de um encarnado vivo. Um despropósito que só visto.
Hoje estava de blusa preta cheia de pedrarias junto ao pescoço. Como está loura platinada, carregada de pintura, aquela concentração de grandes pedras sobre preto tornava o conjunto nitidamente too much. Mas o pior veio mesmo quando se levantou. Ó senhores... Estava de sainha rodada e estampada, curtinha, pelo meio da pernoca e de novo de bota alta, desta vez pela rótula. Uma coisa inexplicável. Nem sei se não estava ainda mais espampanante que a D. Elma de mãos nas mamocas e casaquinho de peles.
Não percebo o que lhe deu - é que até há pouco tempo parecia que tinha atinado com a imagem, estava mais discreta, parecia até mais bonita, mais simétrica. Agora deu-lhe para isto. Oh senhores...!
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Mas até ser vítima deste choque estético, até me estava a parecer que o dia estava repleto de notícias promissoras.
1. O dia noticioso andou à volta da Loja Mozart. Há que séculos que aqui, neste mesmo sítio, dei conta das dangereuses liaisons entre esta lojinha maçónica (70 membros mais coisa, menos coisa), o poder, o coito dos espiões (coito=lugar protegido e não coito=cópula, que é lá isso...?), a comunicação social.
De lá vem o inefável e anafado Jorge Silva Carvalho, o supostamente ex-espião do SIED - mas, ao que consta, ainda com muitas liaisons - de lá vem Nuno Vasconcelos (ou Vasconcellos?) da Ongoing, de lá, pelos vistos, vem também Luís Montenegro líder parlamentar do PSD, ao que soa, de lá vem o omnipresente Miguel Relvas, tudo gente fina. O que eles para lá congeminam, só eles sabem. Influências, jogos de poder, interesses, intrigas, espionagem à mistura, cartas na manga, fotografias em envelopes (?) - são coisas que nos podemos divertir a imaginar mas que não temos como provar. Parece que há uma Comissão Parlamentar, da qual o próprio Luís Montenegro é membro, que faz de conta que anda a investigar. Não vai dar nada como é mais que óbvio.
Mas não é essa caldeirada que agora me interessa. O que me interessa é imaginar o cenário em que aquelas reuniões decorrem.
Esta fotografia está na net e refere-se a um encontro creio que no Brasil. Será que aqui em Lisboa, na Loja Mozart, é uma coisa assim...? Todos de aventalinho muito engomadinho, cheio de gregas acetinadas, bordadinho inglês e outras aplicações mimosas? E de babete ou gola da mesma cor que os enfeites do aventalinho...? Tão giros...! Gostava tanto de os ver...! De ouvir, não, que deve ser uma coisa a atirar para o assustador. Mas, vê-los, deve ser tão enternecedor.
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2. Bom; mas as notícias interessantes não se ficaram por aqui. À vinda para casa (que é meu grande momento de absorção informativa) ouvi uma coisa mesmo empolgante. Foram encontradas pérolas em ostras algarvias do género Crassostrea.
A descoberta deveu-se ao Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR) e ao Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR) e, em 750 ostras, apenas 2 estavam recheadas com 6 pérolas ao todo.
A imagem acima corresponde a uma dessas pérolas.
Fiquei entusiasmada com a notícia. Vocês, meus Caros, devem achar que 6 pérolas não são motivo de conversa. Mas, sabem, vou confessar-vos: adoro pérolas. Verdadeiras de preferência, mas também de cultura e, à falta de melhor, também de pura fantasia. É daquelas coisas intrinsecamente elegantes, que tornam interessante qualquer mulher.
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3. Mas o mais interessante fica para o fim. Investigadores alemães e israelitas conseguiram produzir esperma em laboratório. Dizem que os espermatozóides eram muito jeitosinhos, muito bem feitinhos, a cabecinha muito bem desenhadinha. Nadam numa solução gelatinosa muito parecida com a que se encontra nos testículos.
Por enquanto ainda são apenas experiências com ratos mas a ideia é estender a coisa aos humanos e os cientistas estão muito animados.
Também acho empolgante - pérolas nas ostras algarvias ou espermatozóides feitos em laboratório, tudo coisas que dão jeito.
Claro que os meus amigos homens já devem estar a sentir-se incomodados. Mas que não seja por isso. As mulheres não vos querem apenas para procriar (agora até me lembrei de um deputado, de seu nome João Morgado, que tinha essa ideia e que, inclusivamente, inspirou um divertido poema a Natália Correia). Procriar é apenas uma ou duas ou três vezes na vida (em média, claro). As mulheres dão várias outras utilidades aos homens, estejam descansados.
Por isso, se se portarem bem, se forem simpáticos, se forem bons e pacientes companheiros, se trocarem as lâmpadas em casa, se pendurarem quadros ou cortinados, se montarem estantes do IKEA e não andarem ofegantes e revoltados enquanto carregam os caixotes para dentro do porta bagagens, se forem carinhosos, se perceberem quando mudamos de penteado, se não se importarem de esperar que a gente se arranje como deve ser, se gostarem de andar a passear de mãozinha dada, enfim, se merecerem, talvez as mulheres não vos descartem. Capisce?!
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E pronto, meus amigos, hoje fico-me por aqui. Amanhã logo tento trazer assuntos mais maçadores, está bem? Hoje deu-me para isto, para coisas de insustentável leveza.
Divirtam-se!
Bom, decididamente este Blogue agarrou-me! Minha cara você possuí humor q.b, sarcástico q.b, caustico q.b e escreve deliciosamente bem. E como se não bastasse toca temas, alguns bem caricatos para as criaturas neles envolvidos (Elmas, aventais, etc e tal)de forma magistral! Este Blogue, meus caros, dá-me energias suplementares para enfrentar a malandragem que a vida me obriga a enfrentar diariamente.
ResponderEliminarQuanto à menina Judite, por razões meramente ocasionais profissionais, conheci-a em tempos idos, estava eu algures no estrangeiro, e estava ela ainda na antiga RTP da Invicta. Era então uma pequena (o tamanho mantém-se, mais salto, menos salto) formiga muito ambiciosa. E bimba. Sem botas, mas já com mini-saia.
Irrita-me o tom como entrevistadora. Prefiro favas com chouriço do que ouvir a De Sousa. E cozinho-as com um avental decente ao peito, com um monograma relativo à Gastronomia, mais simpático do que os outros, dos "pedreiros".
Um resto de bom dia!
E como este país e quem por ele é responsável, directo ou indirecto, é de gente patusca, os casos (cómico-tristes)aparecem-nos todos os dias, para nos entreter, haverá sempre tema para enriquecer este extraordinário, bem escrito e bem humorado Blogue. Que vou seguindo, doravante, pois ajuda-me, como disse, a enfrentar o calendário para 2012.
Cordialidade!
P.Rufino
Olhe, e não lhe viu ontem no final do jornal televisivo a mini-saia e as botas por cima do joelho à dartacão?
ResponderEliminarCaro P. Rufino,
ResponderEliminarA sua simpatia agrada-me, como é claro e, por isso, muito lhe agradeço. Tomara que tudo o que diz sobre este meu recanto seja verdade e tomara que, todos os dias, a coisa saia de forma a agradar a si e aos meus leitores, cujas visitas tanto agradeço.
Tenho um número de visitas que me deixa perplexa, palavra. O blogue é anónimo, não sou conhecida na blogosfera e, não sei como, o número de visitas vai crescendo de forma muito regular. Há pouco, antes das 22, estava já com 300 e tal visitas (e a esta hora costuma subir muito). Ontem, ao todo, passou das 600. Fico sem saber se as pessoas vêm ao engano ou se vêm uma vez e vão voltando.
Mas, seja como for, como não conheço as pessoas que me lêem, escrevo despreocupadamente, sem pensar em nenhum destinatário em particular, escrevo pelo prazer de escrever ou de partilhar imagens ou filmezitos bonitos.
E, meu Caro P. Rufino, é muito bom ter feedback. Obrigada.
E vamo-nos divertindo e aproveitando bem a vida, que é bom viver e é bom viver no lado luminoso da vida.
Packard,
ResponderEliminarO que eu me ri com o que escreveu...!
Foi essa indumentária que eu disse, uma mini-saia rodada e estampada e bota pela rótula. Mas a sua definição é que é mesmo certa: botas à dartacão. E só de me lembrar dela e agora aplicar-lhe esta das botas à dartacão já me faz desatar a rir.
Mas olhe, em abono da verdade tenho que dizer que hoje estava bem melhor, nem se comparava.
Estava discreta, calça preta, camisa branca, um colarzinho azul, cabelo mais natural. Quando se levantou e vi só a parte da anca, ainda temi 'querem ver que hoje está de calções...?' Mas não, eram umas calças normalíssimas.
Pode ser que tenha voltado a encarrilar na imagem que a favorece mais.
Cara UJM o que eu me tenho rido com os seus ultimos posts! O dos sinos da Elmita então deixou-me quase à beira das lágrimas... de riso, claro!
ResponderEliminarCom a devida penalização a moi-meme pelo atraso, venho informar que a sua história pedida já está publicada no meu Histórias de Nós. Deu-me assim para uma coisa singela e inocente, a contrastar com a quantidade de alarvidades que nos vão preenchendo os dias.Espero que seja do agrado!
Beijos e obrigada pelo «desafio»
Cara Historinha de Histórias de Nós,
ResponderEliminarJá lá fui ler a sua história, 'Violetas em flor' baseada em 'Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira rio' (Ricardo Reis) e já lá deixei o meu agradecimento.
Bem bonita e muito inspirada como é costume das histórias 'a la carte' a que nos vem habituando.
Um dia destes passo por lá a lançar outro desafio.
Um beijinho.
E deu-lhe, muito bem...É um prazer ler textos - inteligentemente - bem humorados.
ResponderEliminartbm
TBM, muito obrigada.
ResponderEliminarTem dias que vejo tanta parvoíce e piroseira que só me ocorrem coisas deste género. Acho graça, apetece-me levar tudo para a brincadeira.